Em Lisboa, os vitrinistas, especilaistas em decoração de montras, chegam a ultrapassar os lojistas nesta tarefa. A montra marca a diferença, por isso, muitos logistas já não dispensam a criatividade e empenho do vitrinista.
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Os vitrinistas de Lisboa, especialistas em decoração de montras, ultrapassam cada vez mais os lojistas nesta tarefa. Devido a uma oferta excessiva «a montra marca a diferença». Muitas lojas da capital, desde prontos a vestir até talhos, passando por oculistas, já não dispensam a criatividade e empenho do
vitrinista.
A maioria dos lisboetas passeia agora pela cidade em busca do presente ideal para oferecer no Natal, e nada melhor que uma montra apelativa para captar a atenção de quem se quer despachar.
Segundo Carlos Candeias, coordenador dos cursos de vitrinismo
da Escola do Comércio de Lisboa, «nos últimos cinco anos, o vitrinismo
evoluiu muito e já se começa a olhar com interesse e cuidado para esta
profissão».
«Além do curso de especialização profissional nesta área, existente desde 1997, foi criado este ano, pela primeira vez, um outro, de três anos, para jovens que dá equivalência ao 12º ano, reconhecido pelo Ministério da Educação», disse Carlos Candeias.
Para o coordenador, ainda há algumas reservas em investir na decoração das montras, mas os vitrinistas começam a ter respostas por parte dos lojistas. «A capital já consegue acompanhar as tendências europeias, registando apenas cerca de um mês de atraso», explicou.
Segundo Ferreira de Matos, o presidente da Associação de Comerciantes de Lisboa, «na Rua Augusta, Chiado, nas Avenidas da Liberdade, Roma e
Guerra Junqueiro, além das grandes lojas estrangeiras, as nacionais
evoluíram e competem em apresentação com as melhores do mundo». Ferreira de Matos, avançou como exemplos, a Loja das Meias e a Ramiro e Leão, «emblemáticas pelos anos de existência e grande qualidade que possuem».
Irene Lopes, vitrinista há 11 anos, decora cerca de 20-30 lojas em Lisboa de diferentes ramos. Segundo a vitrinista, a decoração de uma montra é essencial,
pois «não se vende como antigamente, uma vez que há muita oferta. Os
saldos começam cada vez mais cedo e as promoções que antecedem o Natal
deviam corresponder a 20 por cento, mas agora são de 50 por cento. Além disso, os grandes centros comerciais rebentam com o pequeno mercado, afirmou.
Para o presidente da Associação de Comerciantes de Lisboa, os grandes centros comerciais são apenas «extensões das lojas da cidade, mas com uma pequena diferença: a dinamização interna faz a animação dos centros fechados».
«A animação devia ser transportada para o exterior, nos centros urbanos onde existe uma forte implantação comercial. Devia haver mais concursos de vitrinismo», afirmou.
No entanto, segundo Irene os concursos são injustos porque muitas vezes o júri não percebe nada de vitrinismo, ganhando sempre o mesmo concorrente ou os conhecidos.
Irene não duvida de que há ainda poucos vitrinistas, pelo que muitos abusam no preço. De qualquer maneira, diz não ser o seu caso, cobrando valores que oscilam entre 20 e 80 contos.
Um investimento que muitos lojistas começam a achar compensador, tudo para levar o cliente a «comer com os olhos».