
Os mais recentes desenvolvimentos tecnológicos e inovações de inteligência geoespacial da plataforma ArcGIS foram as estrelas do encontro anual de utilizadores e parceiros do Sistema de Informação Geográfica.
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“Não se pode falar sobre inovação sem referir a Inteligência Artificial (IA). O objetivo não é substituir o trabalho de ninguém, mas antes ajudar a concretizar um trabalho mais eficiente”, enfatizou Rui Sabino, CEO da Esri Portugal, no Centro Cultural de Belém, em Lisboa. O número crescente de participantes neste encontro anual, mais de 1200 inscrições, levou a organização, a optar, este ano, por um novo espaço para juntar a comunidade utilizadora do software usado pelas mais diversas organizações públicas e privadas para criar, gerenciar, analisar, mapear e partilhar dados em contexto geográfico.
“Além de servir para aperfeiçoar o ArcGIS, estamos a aproveitar a IA Generativa
para agilizar o trabalho de todos, tornando o GIS mais fácil”, explicou o anfitrião apontando para as conclusões do EUE 2024 que demonstram que a localização é das variáveis mais importantes e decisivas para os negócios.
Um dos painéis deste encontro precisamente sobre “Location Intelligence, AI & Data Science: unir e transformar o nosso mundo”, discutiu o potencial destas ferramentas combinadas partindo da premissa de que o Location Intelligence permite, cada vez mais, integrar informações, prever cenários, identificar padrões e mitigar riscos. Os oradores, Ricardo Jorge Gonçalves, Head of Artificial Intelligence & Analytics da Fidelidade, Paulo Vale, Diretor Executivo da AI4PA Portugal EDIH / AMA, Pedro Machado, Head of B2B New Business and Innovation da NOS e Paulo Alexandre Silva, Diretor de Estratégia e Desenvolvimento das Operações dos CTT Correios de Portugal, moderados por Luís Correia, Diretor-Geral Adjunto da ANACOM, fundamentados na quantidade de dados produzidos diariamente abordaram a estruturação desse manancial de informação e debateram os usos da combinação da geografia com a informação dos dados e a capacidade analítica da inteligência artificial para compreensão e resolução dos desafios das organizações.
Convidado para inspirar os participantes, o jornalista e escritor britânico Tim Marshall, especializado em questões internacionais, levou ao CCB uma visão geopolítica adquirida em mais de 30 anos de experiência relacionando a forma como a geografia física e humana sustenta grande parte das relações internacionais e, com isso, condicionar as opções dos decisores políticos e as posições no xadrez político internacional.
Dawn Wright, a oceanógrafa e Chief Scientist da Esri que participa nos trabalhos de mapeamento do fundo do mar, enfatizou a importância da preservação dos oceanos. Ao revelar a experiência de ser das poucas pessoas que já visitou o local mais profundo do Oceano, Wright, explicou como a tecnologia pode ajudar a compreender o atual estado dos oceanos e as consequentes alterações climáticas. Foi exemplificada a importância das redes de sensores de monitorização, alerta e rastreio de informação para mapear e obter o máximo de detalhes.
Arkadiusz Szadkowsk, Head of Global Business Development & Sales for Reality Mapping da Esri, começou por detalhar como a tecnologia da realidade 3D que cria réplicas virtuais e fiéis de modelos de gestão urbana das cidades inteligentes está a contribuir e a permitir operar e manter, executar planos, analisar, simular e examinar tarefas garantindo uma representação fiel e rigorosa da gestão de uma cidade inteira. A discussão foi ainda mais envolvente na Mesa Redonda “Digital Twins: construir comunidades inteligentes” moderada por Claúdia Antunes, Executive Director & BIM Lead da StratBIM porque tocou diretamente na realidade portuguesa e na a importância do investimento tecnológico para além da urgência destes assuntos chegarem aos decisores políticos. Participaram António Miguel Castro, Presidente do Conselho de Administração da Gaiurb EM, José Nuno Figueiredo, responsável pela BIM Engineering Unit da EDP e José Carlos Lino, Presidente da Direção da Building Smart Portugal. Apesar da diversidade de setores representados foram unânimes a destacar o papel dos Digital Twins para se alcançarem cidades mais competitivas e modernas focando a componente analítica e respetiva importância para as tomadas de decisão com base em informação e dados bem estruturados. Também a tecnologia e o peso cada vez maior da IA no caminho para a automatização foi referenciada concluindo o painel que a inteligência urbana é um ponto relevante porque traduz-se em qualidade de vida para os cidadãos.
Sobre os Digital Twins, Rui Sabino da Esri Portugal notou que “para aproveitar esta inteligência geográfica que aporta valor aos projetos e tirar partido das novas ferramentas temos pela frente o desafio da formação das pessoas, recursos sempre parcos nas organizações”.
Tem sido pratica recorrente nestes encontros associar discussões teóricas a realidades mensuráveis e a iniciativa que decorreu no grande auditório no CCB e em diversos espaços paralelos foi mais uma oportunidade para trocar conhecimento e experiências. Entre outros oradores que exemplificaram ou apresentaram case studies sobre a utilidade dos SIG, Paulo Madeira, Coordenador Adjunto da Estrutura de Missão para a Expansão do Sistema de Informação Cadastral Simplificado (eBUPi), relacionou a gestão do território e o desenvolvimento económico em Portugal. O responsável da entidade tutelada pelas áreas governativas da Justiça e do Ambiente, em articulação com a Coesão Territorial, e parceiros das áreas setoriais da Administração Pública explicou que a aposta feita no presente vai potenciar a disponibilidade de dados úteis no futuro e esse conhecimento do território será mais valorizado.
Antes, na apresentação das mais recentes novidades e inovações de inteligência geoespacial da plataforma ArcGIS, oradores e participantes nesta iniciativa mostraram-se entusiasmados com as novidades que podem agora incorporar e, com isso, melhorar os processos de trabalho e tornar as respetivas organizações mais eficientes.
