
Na primeira conferência da Tech4 Sustainability, que decorreu nas instalações da Porto Ambiente, o tema da “Maior Circularidade” esteve no centro do debate.
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Perante um mundo cada vez mais comprometido com a transição climática, a Porto Ambiente e a Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto (FEUP) juntaram cerca de uma dezena de oradores na primeira conferência da Tech4 Sustainability, uma iniciativa que procura desmistificar a ciência para o cidadão comum, demonstrando como a investigação científica pode ser aplicada no dia a dia para promover a sustentabilidade na cidade do Porto.
O vice-presidente da Câmara Municipal do Porto considera que a cidade está na vanguarda da sustentabilidade ambiental, da inovação e da transição digital. Segundo Filipe Araújo, muito disso deve-se à estreita colaboração com a Universidade do Porto. “Todas as minhas equipas hoje em dia trabalham com a academia, com cidades estrangeiras, com outros projetos”, realça.
Do lado da FEUP também existe “disponibilidade para colaborar” em prol de encontrar soluções para os problemas ambientais que vão surgindo, garante o diretor da instituição, Rui Calçada, sublinhando que tal intercâmbio “abre portas imensas a um triângulo virtuoso” entre autarquias, academia e empresas.
Esse triângulo permitiu, por exemplo, que a circularidade de materiais seja, atualmente, aplicada na construção civil. Vanessa Tavares, da Built CoLAB, denota, no entanto, alguns entraves a esta transformação. “A legislação tem de ser adaptada e a nível político também há mudanças a fazer, porque é preciso haver incentivos ou desincentivos”, de modo a exponenciar a economia circular.
Ainda assim, existem casos de sucesso. Maria Ramalho, coordenadora de sustentabilidade do Grupo Casais, conta que a empresa construiu em Guimarães “um edifício de vários andares com peças ‘lego’, no espaço de 15 dias, cujas peças foram industrializadas, com a incorporação de reciclados em parte dos materiais”. Tudo isso resultou num prédio ”com uma taxa de circularidade superior a 50%”.
Nas cidades, a transformação de resíduos é um grande desafio. De acordo com a professora da FEUP, Joana Maia Dias, esse trabalho tem vindo a tornar-se cada vez mais difícil. “Toda a gente diz que separa, mas na verdade não separa, e o que se vê é uma estagnação a nível da separação”, sublinha.
Posto isto, a investigadora entende que “a única forma de se alcançarem as metas ambientais é, obviamente, produzir menos resíduos”, destacando ainda a importância que novas ferramentas digitais poderão ter no cumprimento destes objetivos.
Para isso, o administrador da Porto Ambiente, Luís Assunção, insiste ainda na importância do papel da empresa em tornar o processo de participação do cidadão na separação dos resíduos cada vez mais prático e mais simples.
O futuro passa por aí e são variados os exemplos de interseção positiva entre a academia e a cidade nas matérias da circularidade, como demonstrado na primeira conferência da Tech4 Sustainability. Mais informações e conteúdos podem ser encontrados em https://tech4sustainability.porto.digital/. As próximas iniciativas serão sobre os temas “Mais Energia Limpa”, a 25 de outubro, e “Melhor Mobilidade”, a 13 de dezembro.
