"Cuidadores informais são insubstituíveis, mas continuam invisíveis"
A Merck e a TSF juntam-se para falar sobre a importância dos cuidadores informais. Cerca de 60 por cento desconhece o estatuto.
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O Movimento Apoiar os Cuidadores Informais é recente, foi constituído no ano passado, com o apoio da Merck Portugal, e pretende dar voz e visibilidade aos cuidadores informais. A associação Alzheimer Portugal, representada pela psicóloga Catarina Alvarez, é uma das 30 entidades que formam o movimento, e explica que ainda há muito caminho a percorrer no apoio aos cuidadores informais.
"O que verificamos é que, apesar de existir um estatuto do cuidador informal, ainda há muitas necessidades por preencher. Os cuidadores informais continuam a precisar de apoios, há muita coisa que não está implementada. Essa é a nossa razão de existir: os cuidadores são insubstituíveis, mas continuam invisíveis", alerta.
Desde a fundação, o Movimento já fez dois inquéritos sobre o tema, em outubro de 2020 e abril de 2021. Catarina Alvarez explica que os portugueses, "praticamente cem por cento", têm noção que ainda é preciso fazer muito pelos cuidadores, como mais apoio à saúde psicológica, auxílio legal e financeiro. "São precisas medidas de regulação laboral, como as férias. É preciso dar descanso a estas pessoas", lembra a psicóloga.
O estudo de outubro aponta ainda para 14 por cento de cuidadores informais em Portugal, um número superior às estimativas anteriores. Ainda assim, seis em cada dez cuidadores desconhece o estatuto criado pelo Governo em 2019.
"Cerca de 60 por cento dos inquiridos, num estudo recente deste ano, dizem desconhecer o estatuto. Por outro lado, daqueles que conhecem, consideram-no incompleto e apontam várias críticas: pouca abrangência, demasiada burocracia, e apoios insuficientes", explica.
Catarina Alvarez reconhece que o Governo "ainda tem de fazer muita coisa", tanto ao nível da capacitação, como no apoio emocional. "É desde o início que se tem de prestar apoio e, depois, de forma continuada. São necessárias soluções de proximidade e individualizadas", diz.
Apenas 12 por cento dos inquiridos no estudo do Movimento, relativo a abril, dizem receber "ajuda ou suporte emocional".
Com uma função extremamente exigente, e apesar de reconhecerem a sua importância, "praticamente todos os cuidadores têm o desejo de regressar às rotinas que tinham antes, muitas das famílias sofreram alterações na sua dinâmica habitual".
Em Conversa com Mentes Curiosas é uma parceria da TSF com a Merck, que dá a conhecer o trabalho que se faz na área da saúde em Portugal, as necessidades dos doentes, dos seus cuidadores e o contributo da Merck para melhorar a vida dos doentes. Desde as dificuldades dos casais em concretizarem o sonho de ter um filho, à realidade do cancro em Portugal, passando pela esclerose múltipla e a imunologia.
Nesta rubrica partilharemos as histórias e as realidades dos doentes, as perspetivas de médicos, da indústria e das associações, porque ideias brilhantes nascem de mentes curiosas.