"Diagnóstico precoce é a melhor arma" para combater esclerose múltipla
João Cerqueira, médico e investigador, é o convidado da TSF para falar sobre os desafios da esclerose múltipla.
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A esclerose múltipla atinge cerca de oito mil pessoas em Portugal, e caracteriza-se por ser uma doença "que afeta todo o sistema nervoso". O assunto volta a ser discutido na rubrica "Em conversa com Mentes Curiosas", com a participação de João Cerqueira, que pertence ao Grupo de Estudos da Esclerose Múltipla (GEEM).
"É conhecida como a doença das mil caras, porque pode causar vários sintomas, como défices de visão, de sensibilidade e de força muscular", adianta o médico e investigador. Além de dificuldades nas tarefas do dia-a-dia, como vestir e andar, a doença está também associada a dores e formigueiros, "com potencial para causar muitos danos".
Assim, "o diagnóstico precoce é a melhor arma" dos médicos para contrariar a esclerose múltipla, uma vez que a doença se agrava ao longo do tempo. "A pessoa está bem, e de repente o sistema imunitário decide atacar uma região do cérebro, por exemplo. O doente fica com sintomas durante algum tempo, mas depois até acaba por recuperar. Contudo, essa marca dá origem a uma pequena cicatriz que fica gravada. Se nós não tratarmos a doença, este processo vai acontecendo repetidas vezes", explica.
João Cerqueira assume que "uma ou duas cicatrizes não são problema", mas a doença agrava-se quando os vestígios são recorrentes. "Isto é como colocar remendos num tecido. Um tecido que tem um ou dois remendos, ainda se consegue reconhecer como original. Se tiver 50 remendos, é mais remendo do que tecido", elucida.
O médico e investigar na aérea explica que "o segredo é não deixar que as pequenas cicatrizes se acumulem".
Já sobre a sensibilização dos portugueses para com a doença, João Cerqueira admite que apesar do esforço nesse sentido, a sociedade em geral ainda não está alertada.
"O que se nota é um grande preconceito em relação aos doentes. Apesar do potencial destrutivo, a doença também tem potencial de tratamento: os doentes podem ter uma vida normal. Não é preciso olhar para estes doentes como uns "desgraçados", mas sim respeitar as limitações", aponta.
A campanha que assinala o Dia Mundial da Esclerose Múltipla, a 30 de maio, tem o apoio do GEEM, e tem como mote 'A vida segue EM frente'. O objetivo da mensagem é "mostrar aos doentes e à sociedade que a esclerose múltipla não é uma limitação à vida futura".
Os avanços na investigação e na medicina têm sido cruciais para auxiliar as pessoas com esclerose múltipla. João Cerqueira afirma mesmo que, "se for bem tratada", a doença não limita o doente de "fazer o que quiser".
"Tratar esclerose múltipla em 2021 ou em 2011 não tem nada a ver. Houve uma grande evolução nos últimos 20 anos, muito boa para os doentes. Hoje em dia temos fármacos com grande capacidade de controlar a doença, mesmo a mais ativa", garante.
Em Conversa com Mentes Curiosas é uma parceria da TSF com a Merck, que dá a conhecer o trabalho que se faz na área da saúde em Portugal, as necessidades dos doentes, dos seus cuidadores e o contributo da Merck para melhorar a vida dos doentes. Desde as dificuldades dos casais em concretizarem o sonho de ter um filho, à realidade do cancro em Portugal, passando pela esclerose múltipla e a imunologia.
Nesta rubrica partilharemos as histórias e as realidades dos doentes, as perspetivas de médicos, da indústria e das associações, porque ideias brilhantes nascem de mentes curiosas.