As vacinas continuam a ser a melhor prevenção para Covid-19, mas os pacientes com sistema imunológico debilitado e mais suscetível de contrair infeções, não são suficientes. No mercado já existem terapêuticas desenvolvidas para proteção dos mais vulneráveis, mas o acesso ainda é extremamente condicionado.
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Novas terapias tardam em ser disponibilizadas
É a falta de acesso aos anticorpos monoclonais, injetados nos doentes imunocomprometidos para substituírem as defesas que os próprios deveriam ser capazes de produzir, que motiva descontentamento de pacientes e dos profissionais de saúde. Numa Mesa Redonda organizada pela TSF em parceria com o DN escutaram-se os lamentos e argumentos do pneumologista Filipe Froes, em representação da Ordem dos Médicos e da nefrologista Cristina Jorge, presidente da Sociedade Portuguesa de Transplantação, em defesa das novas terapias.
Quem são os imunocomprometidos? São pessoas sujeitas a transplantes, doentes oncológicos, portadores do vírus da imunodeficiência humana (HIV), ou outros que fazem tratamentos imunossupressores.
Ficou claro que a vacina contra a Covid 19 apesar de pouco eficiente para estes casos continua a ser essencial, mas precisa de ter complemento dos anticorpos monoclonais porque no sistema imunitário dos imunocomprometidos não existe capacidade para desenvolver os anticorpos que a vacina produz num sistema competente para a prevenir a infeção.
Entre as pessoas mais vulneráveis estão as que foram sujeitas a transplantes porque recebem medicamentos imunossupressores para evitar que o sistema imunológico lute para rejeitar o órgão transplantado, afirmou Cristina Jorge da Sociedade Portuguesa de Transplantação (SPT). "Os transplantados fazem essa terapia de forma a manterem os órgãos a funcionar, o problema é que esses medicamentos diminuem a atividade do sistema imunológico e predispõem estes doentes a várias complicações, como infeções, tumores, etc". Esta é a justificação, em nome da saúde e bem-estar dos doentes, para a Sociedade Portuguesa de Transplantação pedir o rápido e generalizado acesso às novas terapias.
Uma questão de igualdade
Filipe Froes considerou que não podem ser os critérios financeiros a determinar o acesso à inovação por uma questão de sustentabilidade da resposta do Serviço Nacional de Saúde. "Se evitarmos internamentos hospitalares estamos a prevenir toda a atividade, e dispêndio em termos de recursos humanos e técnicos. Portanto, o investimento do ponto de vista exclusivamente económico é extremamente rentável. Isto tem um significado muito grande também na qualidade de vida e em termos de rentabilização de tudo o que já foi feito antes nestes doentes". Questionado sobre o porquê dos anticorpos monoclonais não integrarem ainda o SNS, Froes remete a resposta para o Infarmed, mas acrescentou em tom critico que "nem sempre os nossos caminhos regulamentares são idênticos aos de outros países". De qualquer modo acredita que estará para muito breve a disponibilização da novidade terapêutica.