Incluir todas as partes envolvidas na discussão e excluir da mesma os princípios políticos e ideológicos é essencial para o sucesso e resiliência em áreas tão diversas como o combate às desigualdades, a mudança climática ou a luta anti-tabágica, defendeu Jacek Olczak, o CEO da Philip Morris International, em Nova Iorque, ao participar na Concordia Annual Summit.
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"Não podemos construir o futuro que desejamos com base nos mesmos modelos que usámos para construir o nosso passado recente. É impensável regressar ao "normal" de ontem", alertou Jacek Olczak, em Nova Iorque, na conferência anual da ONG Concordia. Tendo como título "Resiliency Requires Innovation, Inclusion and Trust in Science" (A resiliência requer inovação, inclusão e confiança na ciência), a intervenção do CEO da Philip Morris International (PMI) destacou a importância de uma discussão científica mais inclusiva e abrangente para alcançar os objetivos em áreas tão diversas como o ambiente, a desigualdade ou o combate ao tabagismo. "A nossa experiência recente mostra como pode ser contraproducente dar prioridade a determinadas pessoas e perspetivas, ao ponto de obscurecer verdades e bloquear soluções inovadoras e mais imediatas", alertou.
Como exemplo, o CEO da PMI deu as medidas anti-tabágicas. Atualmente, o mundo soma mais de mil milhões de fumadores e, para Olczak, este é um problema que pode ser mitigado mas dificilmente resolvido se forem aplicadas apenas medidas regulatórias com vista a reduzir o número de fumadores. "A resposta está num compromisso sério na ciência e na inovação tecnológica", garantiu o responsável da PMI, para quem o desenvolvimento de produtos sem combustão (cigarros electrónicos e o tabaco aquecido) representou "um enorme avanço científico e tecnológico na última década". "Embora não sejam isento de risco, está provado cientificamente que são uma melhor alternativa do que continuar a fumar os cigarros tradicionais. Na verdade, ao autorizar o nosso sistema de tabaco aquecido como um produto de risco modificado - e permitindo alegações de uma menor exposição - a Food and Drug Administration referiu que este é "apropriado para promover a saúde pública"", recordou o responsável.
Jacek Olczak não deixou contudo de lamentar que muitas ONG e organizações anti-tabaco usem do mesmo secretismo de que era acusada a indústria do tabaco há 30 anos. Uma postura que, para o CEO da PMI torna o objetivo da gigante tabaqueira de deixar de produzir e comercializar cigarros num futuro próximo mais difícil de alcançar. De referir que a PMI tem vindo a investir em empresas relacionadas com a indústria farmacêutica e, nas palavras de Olczak, tem sido alvo "da mesma exclusão sem lógica".
Ciência sem pré-juízos
"Precisamos de excluir os princípios políticos e ideológicos que impedem o progresso - e não apenas no que concerne à redução dos malefícios do tabaco. O prejuízo das políticas de exclusão e medidas contraproducentes aplicam-se da mesma maneira à mudança climática, mitigação da pandemia, às desigualdades instituídas e a outros desafios prementes", alertou o responsável da PMI, para quem a ciência e os factos são apenas isso: ciência e factos.
Olczak foi mais longe e caracterizou mesmo como "absurdo" o facto de uma descoberta científica poder ser menorizada por ser proveniente de uma determinada empresa ou indústria. "É preciso remover o estigma de que a inovação científica desenvolvida por uma empresa tabaqueira não pode ter em conta o interesse público. Da mesma forma, temos de deixar de excluir os homens e mulheres que fumam da discussão", sublinhou o CEO da PMI, reforçando, uma vez mais, a vontade da multinacional em criar um futuro "livre de cigarros".