Millennium Talks: fundos europeus são a "oportunidade de transformar a competitividade da economia portuguesa"
Portugal irá receber nos próximos anos fundos europeus no âmbito do PRR e do PT2030. Uma parte destes apoios será canalizada para o tecido empresarial, capaz de gerar valor para a economia nacional. Na Millennium Talks, discutiu-se a sua aplicação. Recorde os melhores momentos.
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A aplicação do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR) e do PT2030 vai permitir implementar um conjunto de investimentos destinados a repor o crescimento económico sustentado, através de apoios concedidos às empresas. Este tema, assim como as dificuldades encontradas pelo tecido empresarial para cumprir este plano, estiveram na ordem do dia, da mais recente edição da Millennium Talks.
O Millennium Talks, um evento com o apoio editorial da TSF, decorreu na manhã do dia 22 de junho e contou com a presença de Miguel Maya, Presidente da Comissão Executiva do Millennium bcp, Mariana Vieira da Silva, Ministra da Presidência, Gonçalo Regalado, Diretor de Marketing de Empresas, Negócios e Institucionais do Millennium bcp, Ana Silveira, Head of External Relations & Regulation da GALP, Hermano Rodrigues, Principal da EY-Parthenon, José Gomes, Chief Operating Officer da AGEAS Seguros, João Safara, Executive Board Member do ISQ, Marco Granja, Head of Inovation Funding & Digital Services da NOS,e João Nuno Palma, Vice-presidente da Comissão Executiva do Millennium bcp.
Miguel Maya foi o primeiro orador da manhã e reforçou a necessidade de Portugal ser um país "mais inclusivo, socialmente mais próspero e equilibrado, capaz de atrair, formar e reter talento, algo só possível de alcançar de forma sustentável se Portugal dispuser de um ambiente de negócios favorável, de instituições credíveis e eficientes, de um tecido empresarial capaz de gerar a prosperidade necessária para competir à escala global e promover uma equilibrada redistribuição da riqueza criada". Para o Presidente da Comissão Executiva do Millennium bcp isto será agora possível, através dos fundos europeus que vão ser aplicados, dando-nos uma "oportunidade ímpar de transformar a competitividade da economia portuguesa".
Segundo a Ministra da Presidência, esses fundos são na ordem dos 50 mil milhões de euros, incluindo os 23 mil milhões do PT2030 e os 16,6 milhões do PRR. Para Mariana Vieira da Silva, a execução e a aplicação destes programas depende de toda a sociedade: "quando olhamos para aqueles que são os principais projetos do PT2030 ou do PRR, verificamos que implicam o envolvimento de todas as instituições, do Governo, das instituições públicas, das instituições de formação e, obviamente, do tecido empresarial".
É importante relembrar que todos estes apoios são a fundo perdido, ou seja, todo o dinheiro atribuído através destes instrumentos não tem de ser devolvido, só tem é de servir para executar bons projetos, como afirma Gonçalo Regalado, que acredita que a palavra mais importante para o futuro é produtividade. "A produtividade é o principal indicador que faz avançar uma economia, que faz desenvolver um país, que cria valor daquilo que é o trabalho produzido por cada um dos colaboradores de cada empresa e é isso que nós precisamos de fazer em Portugal. Precisamos de ser mais produtivos, mais inovadores, mais eficientes, precisamos de ter essa alma lusa que permita que as nossas empresas sejam melhores".
Na fase de debate, moderado pela jornalista Fátima Ferrão, foram discutidos os Principais Desafios de Investimento Empresarial do País. Hermano Rodrigues foi o primeiro a intervir e defendeu que existem dois desafios fundamentais. Urgência, referindo-se à "urgência na execução dos investimentos e dos projetos, que acarreta muitas dificuldades no plano dos licenciamentos", e governação. "As agendas [de aplicação dos fundos do PRR e do PT2030], apesar de assentarem numa base que já existe do passado, têm uma ambição do ponto de vista da governação sem precedentes nos instrumentos de políticas públicas anteriormente utilizados, devido a uma grande diversidade de dimensões e identidades empresariais".
Já João Safara considera que há desafios, riscos e questões que preocupam, claro, mas que acima de tudo se fala de investimento e de crescimento e isso é positivo: "Não estamos a falar de despedir pessoas, de encerrar fábricas e empresas, estamos aqui a falar de crescimento e, acima de tudo, fazer crescer o país, crescer as nossas organizações. Vão existir dificuldades, mas ainda bem que existem, porque significa que vamos crescer e vamos ser mais fortes do que éramos". Uma opinião positiva também partilhada por José Gomes, que acredita que "há uma ambição muito forte do tecido empresarial, uma vontade em se focar nos desafios que a economia tem".
Ana Silveira vê nos processos de licenciamento, nos processos de contratação pública muito demorosos, na mão de obra qualificada e na necessidade de matéria-prima e tecnologia os principais desafios, mas acredita que os apoios não podiam vir em momento mais oportuno. "São essenciais para o desenvolvimento económico e para o tecido empresarial português, sobretudo no contexto em que vivemos já há alguns anos, com as alterações climáticas, com a pandemia e com o conflito que veio evidenciar, ainda mais, a nossa necessidade de criação de dependência energética".
A concluir o painel, Marco Granja discorda que tudo tenha de ser rápido e urgente, que o importante mesmo é ter projetos diferenciadores. "Antes de se investir vai ter de se produzir conhecimento e tecnologia. Aquilo que avançar sem esta fase não é aquilo que vai ter um grande efeito transformador. O que vai ter sim, são aqueles investimentos que, antes de avançarem, vão passar por um período de desenvolvimento".
A fechar esta sessão esteve João Nuno Palma, Vice-presidente da Comissão Executiva do Millennium bcp, que, acima de tudo, acredita nos empresários portugueses para fazerem crescer a economia do país: "Se existe alguém que representa a capacidade de recuperação e resiliência em Portugal são os empresários portugueses. São eles a constante de todas as recuperações da nossa economia. Não houve crise nenhuma, no passado, que os empresários portugueses não tivessem a capacidade de ultrapassar".