Parar, medir, controlar. A hipertensão arterial como principal fator de risco
Parar. Encontrar um tempo no dia-a-dia para medir a tensão, reduzir o consumo de sal ou ter hábitos de vida mais saudáveis. São desafios que os portugueses têm vindo a aceitar nos últimos anos. O presidente da Sociedade Portuguesa de Hipertensão lembra que esta é uma maratona que não acaba, frente a um inimigo silencioso.
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A hipertensão arterial continua a ser o principal fator de risco, ou seja, a principal causa de complicações cardiovasculares em Portugal. Nos últimos anos o consumo de sal no país desceu e há mais gente a controlar a hipertensão, mas a Sociedade Portuguesa de Hipertensão (SPH) garante que há ainda um longo caminho a percorrer.
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Um desafio para os médicos, mas não só, "um desafio para a sociedade", explica o Dr. Victor Paixão Dias, presidente da (SPH). Num país onde o consumo de sal continua com níveis elevados, mas onde o hábito de parar, sentar e medir a tensão, é prática corrente para cada vez mais portugueses.
"A hipertensão arterial continua a ser o principal factor de risco, isto é, a principal causa de complicações cardiovasculares, sejam elas sob a forma de doenças que deixam sequelas, ou que podem levar à morte", explica o responsável da SPH.
Assintomática, a doença cresce de forma silenciosa. "É esse o grande problema. Por isso, as pessoas, doentes ou não, são os nossos principais parceiros. São elas que têm de avaliar, procurar medir a sua pressão arterial. Só desta forma saberão se têm ou não hipertensão arterial", lembra Victor Paixão Dias.
Saber mais sobre a doença para não ficar à espera
"O grande lema deste mandato da Sociedade Portuguesa de Hipertensão é aumentar a literacia em saúde junto da população", explica o presidente. "As campanhas de informação são extremamente importantes".
Campanhas que, diz Victor Paixão Dias, não devem ter apenas como destinatários os utentes. "Há que continuar com a formação cientifica junto dos nossos colegas de medicina geral e familiar, porque é aí que está a maior parte destes doentes, das famílias destes doentes". São os médicos que mais facilmente chegam à generalidade dos utentes, na linha da frente da prevenção e controlo.
"Há um longo caminho a percorrer em Portugal. Nós melhoramos muito nos últimos anos também no que diz respeito às taxas de controlo da pressão arterial. Mas, olhando para o lado do copo meio vazio, mais de metade das pessoas não sabem se estão doentes ou não estão controladas, que não avaliam, que não medem", reitera.
Mudar hábitos de vida, o controlo sistemático da tensão, ou, em caso de doença, cumprir a medicação. "Há um trabalho grande a fazer no sentido de motivar as pessoas a preocuparem-se com este problema, saber como ter hábitos de vida saúde e com isso controlarem a sua tensão arterial e evitar que ela apareça. É ainda preciso que, quando se chega à necessidade de usar medicamentos, que se tomem esses medicamentos. Que se tomem com regularidade e de acordo com a prescrição médica, isto é, aumentado as taxas de adesão e de controlo da doença com a medicação".
Este é um problema social, de saúde pública, "que ultrapassa em muito o médico", lembra Victor Paixão Dias. A sociedade portuguesa tem dado sinais positivos, reitera, mas é preciso continuar, acelerar depois de algumas conquistas importantes. "Como a redução do consumo de sal, o principal inimigo para controlar a hipertensão. Mas nesse âmbito, já estamos melhor que há uns anos. Estamos muito melhor".