A aldeia com 46 pessoas que se enche de milhares uma vez por ano. Tudo graças à concertina
É dia de festa na aldeia de Barrenta: é o encontro de tocadores de concertina. Podia ser só mais um encontro - e há tantos pelo país fora - mas não é... Qual é a nota que faz a diferença?
Corpo do artigo
Com apenas 46 habitantes, a aldeia de Barrenta vive escondida no Parque Natural da Serra de Aire e Candeeiros, mas veste-se de gente para o grande dia. São milhares as pessoas que por lá passam no dia das concertinas.
TSF\audio\2018\09\noticias\28\teresa_dias_mendes_ppicoto_concertinas_grande_
Este ano, a festa tem dois palcos (para as atuações de concertina), 13 porcos (que vão ser assados no espeto) e 4.000 filhós (que adoçam a boca, com o café da Avó). Também há sopa e bebida, mas o prato principal é mesmo a música.
Quatrocentos tocadores de concertina vão animar a aldeia. Há também cantares ao desafio e muitas gargalhadas, como a do sr. Zé, proprietário do café Carreira: "O que eu gosto mais é da desgarrada entre um homem e uma mulher". É a melodia da malandrice.
Fomos ao ensaio na coletividade de Barrenta, o centro cultural da aldeia - onde a concertina, ou "gaita", é a artista principal. Há novos e velhos, homens e mulheres - e brilho nos olhos de todos eles quando a música se solta no ar, ao sinal do professor Ricardo.
Não é fácil dar ao fole e coordenar os movimentos da mão esquerda e direita. Mas não é impossível.
Basta ouvirmos o sr. Manuel, que, aos 78 anos, foi, pela primeira vez, comprar uma concertina. "Nunca tinha tocado um instrumento de música na minha vida" e hoje não falta ao ensaio das segundas-feiras. É ele que nos desafia a passar pela aldeia de Barrenta, em Porto de Mós, este sábado, já com solução para a sobrelotação da aldeia neste dia: "Se não conseguir estacionar o carro, tem lugar aqui no meu quintal".