A celebrar um ano, Museu Nacional da Resistência e Liberdade é a "memória viva" de um povo
Situado na antiga cadeia do Forte de Peniche, em oito meses o museu recebeu mais de cem mil visitantes
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“A primeira coisa que podem ver é o memorial aos presos políticos da cadeia do Forte Peniche, que para nós é uma peça fundamental, porque ali estão inscritos os nomes de todos os presos políticos, homens que por aqui passaram durante o regime“, relata Aida Rechena. A diretora do Museu Nacional da Resistência e Liberdade é os “olhos” de quem nunca passou por aquele espaço, um museu que abriu portas no dia 27 de abril do ano passado, a data em que há 50 anos ali foram libertados os antifascistas detidos pela ditadura.
“Um espaço muito significativo, muito representativo, muito emotivo é o Parlatório”, continua. Aida Rechena explica que é o único espaço onde as famílias podiam falar com os presos, mas onde existia “uma barreira, desde o pavimento até ao teto, que impedia o contacto físico”.
“Ainda hoje as pessoas, que na altura eram crianças e que vinham visitar os pais presos, reagem de uma forma muito emocional, ainda choram, contam histórias”, conta. Há ainda para visitar as celas coletivas ou individuais em que “se pode perceber a brutalidade do regime repressivo que enviava para aqui os presos políticos”, diz a diretora do museu.
Desde que foi inaugurado, e até final de 2024, o museu recebeu a visita de 118 mil pessoas, “um número bastante significativo para os museus portugueses”. E, ao contrário de outros espaços museológicos, nomeadamente em Lisboa, 80% dos visitantes são portugueses. “Creio que por tratar de uma memória nacional recente e muito viva ainda junto das pessoas”, considera a museóloga.
Para assinalar os 51 anos do 25 de Abril e um ano de atividade, o museu tem uma série de iniciativas agendadas, desde a exibição de documentários, peças de teatro, workshops de pintura ao vivo, debates e a deposição de cravos no memorial aos presos políticos. ”A nossa função é esta, é preservar e transmitir as memórias da resistência ao regime ditatorial”, afirma Aida Rechena.
“As novas gerações têm de perceber que a liberdade é frágil, que a democracia é frágil e que têm de lutar para as preservar e estar atentos”, enfatiza. “Essa mensagem é talvez a função mais importante deste museu”, conclui.