A história de um jovem Nuno Júdice que começou em Paris: “Uma exposição para ler e ver”
A homenagem ao poeta português intitulada de "Nuno Júdice- Prazer das Imagens" arranca hoje no Museu de Portimão. À TSF Manuela Júdice, curadora e mulher do autor destaca que “ele estaria muito feliz”
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A vida de Nuno Júdice está contada e pronta para ver no Museu de Portimão numa exposição que abre este sábado. Trata-se de uma homenagem ao poeta que morreu, no ano passado, aos 74 anos. Em declarações à TSF Manuela Júdice, a curadora desta exibição e mulher do escritor, poeta e professor universitário, explica que esta mostra pretende contar uma história que começa com um “Nuno Júdice jovem que vai a Paris com o ator Luís Miguel Cintra para frequentar a escola de verão do Museu do Louvre” e termina onde tudo começou quando, em 2023, “o Nuno é escolhido como um dos cem poetas do mundo que escreveram sobre o Louvre”.
“A partir daí há uma relação permanente entre a obra de Nuno Júdice e as artes plásticas, sobretudo, a pintura, mas a escultura, a fotografia, até ao cartaz e o poster. É uma exposição para ler e ver ao mesmo tempo”, refere.
Manuela Júdice revela que a escolha do Museu de Portimão não foi por acaso: “O diretor científico do museu, José Gameiro, é de Portimão, o Nuno Júdice é da Mexilhoeira Grande, uma das freguesias da região. Depois da sua morte, trouxemos uma parte das cinzas para a Mexilhoeira e o José Gameiro esteve lá e ficou muito impressionado por nós termos tido o gesto de trazê-lo para um sítio que ele nunca quis perder. O Nuno Júdice nunca deixou de passar férias aqui, as de verão eram na Mexilhoeira e as de Natal também. O José Gameiro conhece a obra do Nuno e este apego dele ao Algarve, em particular, a Portimão e ao sítio onde nasceu."
A curadora da exposição confessa que não foi fácil recordar uma pessoa tão próxima como o marido.
“Durante as pesquisas que fiz, acho que consegui colocar-me na posição de técnica, a ter uma tarefa para cumprir, mas sem estado de alma porque era uma coisa que eu tinha de fazer. O problema vai ser agora, quando a exposição estiver completamente montada, não sei como é, mas acho que consegui manter a distância possível na preparação deste trabalho”, diz, acreditando que uma homenagem como esta teria agradado a Nuno Júdice.
“Ele estaria muito feliz com esta exposição, teria gostado de ver os papéis que cumprimos neste processo. Participámos nisto sabendo que estávamos a trabalhar para o vulto grande da cultura portuguesa e, por acaso, era muito próximo de nós, era o meu marido, era o pai dos meus filhos, mas, ao mesmo tempo, era um grande vulto da cultura portuguesa e foi isso que tentámos respeitar”, acrescenta.
Nuno Júdice é este sábado recordado no Museu de Portimão, pelas 17h00, numa exposição que se prolonga até 18 de janeiro de 2026. A exposição "Nuno Júdice-Prazer das Imagens" tem a curadoria de José Gameiro, Manuela Júdice e Filipa Leal.
