A história do empresário francês que pensava que D. Afonso Henriques já tocava a guitarra portuguesa
É uma das muitas que podemos ler - e, neste caso, ouvir contada pelo próprio guitarrista - na edição Centenário da biografia "Carlos Paredes - A Guitarra de um Povo" de Octávio Fonseca
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Foi apresentada, esta semana na Sociedade Portuguesa de Autores, a edição Centenário de "Carlos Paredes - A Guitarra de Um Povo", livro cuja primeira edição data do ano 2000, mas agora Octávio Fonseca faz incluir uma série de "novas" histórias e informações, muitas delas fornecidas pela também guitarrista e última companheira de Carlos Paredes, Luísa Amaro. O autor falou com a TSF sobre esta edição revista e aumentada.
Como bónus nesta edição temos três CDs, dois com a gravação dos Concertos no Auditório Carlos Alberto, no Porto, nos dias 30 e 31 de março de 1984, e outro com a reedição de Meister Der Portugiesischen Gitarre, álbum originalmente lançado pela etiqueta alemã Amiga, gravado aquando da passagem de Carlos Paredes pelo 7.º Festival da Canção Política de Berlim, na antiga R.D.A.
É nessas datas esgotadas de 1984 de um raro concerto em nome próprio que o guitarrista conta a história de alguém que o queria contratar para ir demonstrar a guitarra portuguesa num festival no sul de França. Paredes queria enviar informação sobre o instrumento, ao que o empresário francês responde: "Isso não é preciso. Já tenho os dados necessários. Sabe, a guitarra vem dos árabes, os árabes cantavam o fado, o vosso D. Afonso Henriques já tocava guitarra e cantava o fado..." Ao que Carlos Paredes responde: "Quem lhe deu isso, enganou-o." Pretexto para explicar a importância da guitarra portuguesa junto de um público que o ouve atentamente numa intervenção inicial com sete minutos, antes de arrancar com a "Valsa" do avô Gonçalo Paredes.
O autor desta biografia aumentada é um dos maiores investigadores da música popular feita em Portugal, com obras já editadas sobre José Mário Branco, José Afonso e Luís Cília.
Octávio Fonseca avalia e discute na TSF o percurso musical de Carlos Paredes através dos seus discos, recorrendo a críticas e entrevistas publicadas na imprensa da época. A edição é da Tradisom.
