Movimento quer seguir os exemplos dos cinemas Trindade, no Porto, e Ideal, em Lisboa, que depois de anos a fio de portas encerradas voltaram a ter sessões.
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"É uma sala que se encontra no centro da cidade e que tem potencial para trazer uma nova vida ao centro comercial, ajudar o comércio das galerias Ícaro e, no fundo, dinamizar a cultura cinematográfica da cidade", justifica Tiago Resende, um dos elementos do grupo de cidadãos que quer reabrir o cinema Ícaro, em Viseu, encerrado há 15 anos.
Para tentar reabrir o espaço, está a circular um abaixo-assinado que já foi subscrito por mais de mil pessoas. A ideia passa por recolher o dobro das assinaturas e depois levar o tema ao executivo municipal.
"Achamos que isto devia ser um serviço público que a Câmara podia prestar à cidade, em que Câmara adquirisse o espaço e o gerisse com os vários agentes culturais da cidade", explica Tiago Resende.
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Os comerciantes instalados no Centro Comercial Ícaro juntaram-se ao movimento e também estão a recolher assinaturas, defendendo que a reabertura do espaço seria uma mais-valia para todos.
O município de Viseu pondera ajudar o grupo, mas só depois de conhecer bem os planos que existem para aquele espaço.
"A Câmara poderá estar disponível para apoiar, mas não é a Câmara que vai comprar o cinema porque não faz parte das nossas competências. Viseu tem 14 salas de cinema e portanto não será por falta de salas que o Ícaro é importante", afirma Almeida Henriques, presidente da autarquia.
Almeida Henriques acrescenta que o Cine Clube da cidade já disponibiliza filmes mais alternativos à população e lembra que a instituição já tentou comprar a sala, mas sem sucesso.
A sala do Ícaro abriu em 1994, com o filme "Quando o Céu e a Terra Mudaram de Lugar", de Oliver Stone. "O Aviador", de Martin Scorsese, foi a última fita a ser projetada, a 13 de fevereiro de 2005.
Na opinião de Cristóvão Cunha, ex-presidente do Cine Clube de Viseu, faz todo o sentido voltar a reabrir o espaço, até pelo ponto de vista histórico. "O cinema Ícaro tem uma memória das salas de cinemas que já não existem. É quase como o Cinema Paraíso, em que voltamos atrás na memória, e talvez, por isso, é que é importante preservá-lo", afirma.
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O agente cultural considera que a sala, com capacidade para 170 pessoas, tem todas as condições para voltar a funcionar por intermédio de instituições locais, como o Cine Clube, mas para isso é fundamental o apoio da autarquia local.
Cristóvão Cunha considera ainda que Viseu podia copiar o modelo que está a ser implementado em localidades como Brooklyn ou Newcastle, onde se está a apostar num cinema de bairro. "É um pouco como o regresso do vinil, é o regresso do cinema em que as pessoas vão ao cinema não só para ver filmes antigos, mas também existe um diálogo com os novos tipos de cinema", refere.