Uma luz que quer sair. Uma vespa que está dentro de nós. Uma coisa não feita. Um corpo cheio e vazio ao mesmo tempo, que sai da penumbra e a ela retorna para voltar a sair.
Corpo do artigo
Após 30 anos atrás do palco, das danças, dos teatros e das óperas animadas por outros corpos, o corpo de Rui Horta decidiu que era tempo de concentrar os seus 60 anos numa performance onde a luz, a sombra, a voz de inseto e a dança por prazer cooperam para um trabalho no limite.
Uma combinação de tempos e instantes na necessidade de dançar o hoje com um "abre olhos" para o amanhã. Uma peça de combate otimista que se define pela dualidade entre o bem e o mal, entre a luz e a sombra, entre o individual e a sua responsabilidade no coletivo. O corpo do homem que não aceita as coisas como elas são e que constrói um manifesto artístico para exorcizar os seus fantasmas mais obscuros dentro dos muros do que que considera a catedral dos nossos tempos: o Teatro, espaço onde a sociedade se ritualiza e se transcende através da arte.
Sem artifícios, sem redes, sem filtros, a Vespa, é dançada entre o homem e o público. Uma dança "à Rui Horta" em que o homem sozinho mata a Vespa e se lança ao desafio de um vazio onde há um corpo que sofre metamorfoses, que sai de uns exo-esqueletos e entra noutros, que se transforma e que continua com a memória do que já foi e com a memória do que virá a ser.
Uma criação a partir de um ponto só no espaço.
O que enfrenta(mo)s, Rui?