Monólogo é uma produção da Inquieta, de Eduarda Freitas, e centra-se nas diversas formas de encarar a morte. É apresentada pela primeira vez, esta quinta-feira, no teatro municipal.
Corpo do artigo
Chama-se “22 Beijos”. É uma peça sobre formas de encarar a morte. Estreia esta quinta-feira à noite no Teatro de Vila Real. O texto é de Eduarda Freitas, autora de “Mátria”, a primeira ópera transmontana. Nessa produção de 2021 inspirou-se em Miguel Torga. Agora foi buscar a inspiração a um familiar que morreu de cancro há pouco mais de um ano.
Eduarda Freitas contou à TSF que foi uma pergunta que um primo que lhe fez, pouco tempo antes de morrer de cancro, que deu o mote para o monólogo “22 Beijos”. Eduarda Freitas ficou a pensar nas várias respostas que lhe poderia dar e foi a partir delas que encontrou o fio condutor para história.
A seguir passou para o papel “uma série de emoções, sentimentos e histórias baseadas num facto real”, embora lhe tenha introduzido umas “pinceladas de ficção”.
A morte é o pano de fundo e Eduarda Freitas pretendeu “humanizá-la”. Recorda que, antigamente, as pessoas “preferiam morrer em casa, junto das pessoas de quem gostavam”, enquanto, atualmente, “morrem nos hospitais” e depois os familiares “recebem a chamada em casa” a avisar do óbito. “Parece que a morte é uma coisa distante”, realça a autora.
O ator e encenador espanhol Ángel Frágua interpreta Vitorino, personagem única do monólogo que tem uma duração de 60 minutos. “Entre o riso e a introspeção, o ator procura a simplicidade como forma de expressão”.
Eduarda Freiras acrescenta que “Vitorino é um homem comum a quem a vida, um dia, pregou uma rasteira muito grande”. A personagem tem “cinquenta e poucos anos, uma filha pequena, muitos sonhos e alegria”, mas vê-se confrontado com uma possibilidade muito grande de chegar ao fim”.
Este primeiro texto para teatro de Eduarda Freitas chega ao palco graças à parceira da sua empresa criativa sediada em Vila Real, a Inquieta, com os teatros municipais de Vila Real, Bragança e Lamego, e com a Casa das Artes de Famalicão.
De acordo com a autora, “os programadores ficaram muito recetivos à ideia de trazer a morte para o palco e falar dela sem grandes medos e pudor”.
A equipa de “22 Beijos” engloba ainda, Nuno Costa (arranjos musicais), Pedro Pires Cabral (desenho de luz), Paula Freitas (design e comunicação da Inquieta) e João Pedro Marnoto (fotografia e vídeo).
“22 Beijos” é, em suma, “um abraço em forma de teatro”, para ver esta quinta e sexta-feira, às 21.30 horas, no Teatro de Vila Real. Nos próximos meses vai ser apresentado na Casa das Artes de Famalicão, no auditório de Peso da Régua, no Centro Cultural de Macedo de Cavaleiros, e nos teatros municipais de Bragança e Lamego.
