Depois de uma ausência discográfica de três anos, Ana Moura viu editado na passada sexta-feira "Moura", o sexto álbum de estúdio.
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"Desfado", editado em 2012, já fazia antever o que se seguiria na carreira discográfica de Ana Moura: um disco que vai para além do Fado. Editado três anos depois, "Moura" foi sendo construído ao longo da digressão do álbum que o antecedeu, uma digressão que acabará apenas no próximo dia 4 de dezembro, na Estónia.
Contando de novo com a produção da "velha raposa" Larry Klein, o canadiano que tem no currículo produções para Joni Mitchell ou Herbie Hancock e que já tinha assinado "Desfado", "Moura" é um trabalho que, embora seja a sequência lógica do anterior disco, é diferente em alguns aspectos como por exemplo no som: enquanto "Desfado" tinha uma sonoridade mais crua, este "Moura" é sonoramente mais elaborado, com a guitarra portuguesa eletrificada em alguns dos temas e vários pormenores que marcam a diferença como "feedbacks" e sons de fita de arrasto a arrancar.
Gravado em estúdios de Hollywood e Los Angeles, "Moura" teve em Ângelo Freire (guitarra portuguesa) e Pedro Soares (viola de Fado) o suporte com que Ana Moura se apresenta habitualmente em palco, mas contou também com um naipe de músicos que são um autêntico luxo: nas guitarras, Dean Parks (com gravações de estúdio para Diana Ross, Madonna, Stevie Wonder ou Elton John); no baixo, Dan Lutz (que já trabalhou com Liz Wright ou Michael Bublé); nas teclas, Pete Kuzma (que já acompanhou as grandes senhoras Jill Scott e Liz Wright); nas percussões, Pete Korpela (com um currículo que passa por Melody Gardot ou Robbie Williams) e na bateria Vinnie Colaiuta (homem das "peles" durante largos anos de Frank Zappa e Sting).
E assim foi gravado este "Moura", um disco cujo título nasceu do juntar de pontas que começam no apelido de Ana (Moura) e acabam em dois dos temas que fazem este álbum e que são dois retratos da fadista: "Moura" (com um poema de José Eduardo Agualusa) e "Moura Encantada" (com letra de Manuela de Freitas). E já que falei de dois dos autores das letras deste disco, fica a referência aos restantes letristas: Carlos Tê, Edu Mundo, Jorge Cruz, Kalaf, Márcia, Maria do Rosário Pedreira, Miguel Araújo Jorge, Pedro Abrunhosa, Pedro da Silva Martins e Samuel Úria.
O mais personalizado dos seis discos de originais de Ana Moura, este "Moura" tem o nome de guerra em forma de assinatura, numa capa onde sobressai uma borboleta, símbolo da metamorfose que Ana Moura tem protagonizado ao longo da carreira, uma metamorfose consubstanciada em "Moura", um álbum de misturas elegantes cantadas por uma Moura encantatória.