Apesar das obras, escola de música e orquestra do Hot Clube de Portugal continuam a dar jazz aos fãs
O edifício onde está localizado, na Praça da Alegria, em Lisboa, fechou para obras em 2023, mas a Escola Luiz Villas-Boas mantém-se aberta e a orquestra do clube não parou de dar concertos
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Apesar de estar fechado há quase três anos, o Hot Clube de Portugal, em Lisboa, continua a dar música aos fãs do jazz. A escola do clube nunca chegou a fechar portas e é de lá que saem alguns dos músicos que compõem a orquestra daquele que é o clube de jazz mais antigo do país.
O grupo não parou de dar concertos e esteve desde janeiro a preparar o de quarta-feira, 30 de abril, para assinalar o dia internacional do jazz, em Torres Vedras. A TSF foi assistir a um dos últimos ensaios, que se focou na secção rítmica: bateria, contrabaixo e piano. A coordenar o ensaio esteve o maestro Pedro Moreira, que é também o diretor do Hot Clube de Portugal. "É muito frequente as orquestras terem ensaios parcelares, os chamados 'ensaios de naipe', em que se entra num detalhe microscópico", começa por dizer.
A Escola Luiz Villas-Boas, do Hot Clube, está em Alcântara, desde 1979, enquanto o clube de jazz fica na Praça da Alegria, mas fechou para obras em 2023. Esta foi uma "perda enorme", garante o responsável pelo clube, um espaço em que, todos os anos, "cerca de 15 mil pessoas" assistem a "quase mil músicos" de jazz.
O clube caminha para três anos de porta fechada, mas nunca esteve parado. Os músicos continuam a atuar noutras salas do país, graças a algumas parcerias, e Pedro Moreira garante que a escola continua de pé, para todos os que queiram aprender e até participar na orquestra. "Há alguma rotação, pois temos um banco de reforços que, muitas vezes, são jovens da [nossa] escola ou das escolas de música aqui da zona", garante.
A escola junta alunos de quase todas as idades, mas o maestro lembra que viver do jazz nunca é fácil. "Diz-se que o jazz está incrível, em Portugal, e eu acho que é verdade, porque a qualidade dos jovens que surgem é absolutamente estrondosa, mas é um circuito muito precário e difícil", avisa Pedro Moreira. Ainda assim, e mesmo sem promessas, o diretor do Hot Clube de Portugal espera que o espaço volte a abrir no início de 2026.
O Hot Clube de Portugal fechou portas em janeiro de 2023, por decisão da Câmara Municipal de Lisboa, na sequência de uma inspeção ao edifício onde estava instalado, no n.º 48 da Praça da Alegria, na qual foram verificadas fragilidades que punham em risco a segurança de todos os utilizadores do espaço.
Entretanto, no início de abril, a autarquia aprovou a tão aguardada atribuição de um apoio ao Hot Clube de Portugal: 239,5 mil euros, até 2026, para reabilitar o edifício municipal que acolherá este clube de jazz.
