"Green Book - um guia para a vida" é o melhor filme de 2018 e Alfonso Cuarón, o melhor realizador por "Roma". Rami Malek levou para casa a estatueta de Melhor Ator em "Bohemian Rhapsody" e Olivia Colman a de Melhor Atriz, pelo desempenho em "A Favorita". Na cerimónia, que não teve apresentador oficial (apesar dos muitos que subiram ao palco), falou-se (muito) em castelhano e ainda houve surpresas.
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Uma cerimónia que arranca com uma atuação desta envergadura tem (quase) tudo para correr bem.
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A 91ª cerimónia dos Óscares cumpriu mas teve poucos momentos mais frenéticos e empolgantes do que abertura. Houve emoção, moderada, e algumas (poucas) surpresas.
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"Green Book - Um guia para a vida" ganhou a estatueta para melhor filme, deixando para trás a concorrência - "Bohemian Rhapsody", "A Favorita", "Roma", BlacKkKlansman - O infiltrado", "Assim nasce uma estrela", "Vice" e "Black Panther".
E este não foi o único grande prémio do filme: ganhou também o Melhor Argumento Original e o prémio de Melhor Ator Secundário. Mahershala Ali foi o segundo ator negro a somar dois Óscares, depois de Denzel Washington.
O grande vencedor da noite foi Alfonso Cuarón. Chegou com o seu "Roma" nomeado para 10 categorias, arrecadou o cobiçado prémio de cinematografia, pouco depois o de Melhor Filme Estrangeiro, e a Academia ainda lhe deu um dos principais galardões: Melhor Realizador.
O realizador mexicano agradeceu o reconhecimento de um filme que retrata a história de uma dos milhões de "trabalhadoras no mundo sem direitos".
"Roma" foi o nono filme mexicano a ser nomeado na categoria de Melhor Filme Estrangeiro e o primeiro a conseguir ganhar.
Alfonso Cuáron, que subiu ao palco três vezes, nomeou e agradeceu as suas várias inspirações cinematográficas, entre elas "O Padrinho" e "Citizen Kane", mas apesar de ser uma das estrelas da cerimónia, as redes sociais não o pouparam... ou melhor, as estranhas caretas do filho, que sentado num lugar de destaque na plateia foi apanhado em vários momentos insólitos.
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Ao chegar ao Dolby Theatre, Rami Malek já tinha declarado que lhe parecia um sonho conseguir trabalhar como ator, quanto mais estar na cerimónia como nomeado. Poucas horas depois, ao ouvir o seu nome a sair do envelope vencedor na categoria de Melhor Ator, pelo muito aclamado desempenho de Freddie Mercury em "Bohemian Rhapsody", suspirou um longo "Oh, meu Deus", enquanto procurava a mãe na assistência.
"É um momento monumental para mim", disse o actor, "posso não ter sido a escolha óbvia, mas acho que resultou. (...) Fizemos um filme sobre um gay e emigrante" e as pessoas gostaram, disse Malik, acrescentando que também ele, "filho de emigrantes do Egito" e o primeiro da sua família a nascer em solo americano, não podia deixar de estar mais orgulhoso.
O estreante Rami Malek deixou para trás pesos-pesados da sétima arte: Christian Bale, Bradley Cooper, Willem Defoe e Viggo Mortensen.
À primeira também foi de vez para Olivia Colman, que ganhou a estatueta de Melhor Atriz pelo papel em "A Favorita" - um dos filmes derrotados da noite, que chegou com 10 nomeações e só levou um prémio.
"É genuinamente muito stressante", anunciou Colman ao receber a estatueta. E fez um dos discursos mais aplaudidos da cerimónia, que levantou a plateia.
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"O meu marido vai chorar, eu não", disse a atriz.
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Colman ainda brincou com o facto de ter "roubado" o Óscar a Glenn Close - nomeada pela sétima vez, ainda sem ter conquistado uma destas estatuetas, e outra das grandes derrotadas da noite.
Outras das surpresas da noite teve lugar mal a cortina subira no Dolby Theatre. Regina King também destronava as favoritas Emma Stone, Rachel Weisz (ambas pelo filme "A Favorita") e Amy Adams (por "Vice") para ganhar a estatueta logo na primeira nomeação. O filme "Se esta rua falasse" estreou esta semana em Portugal.
Spike Lee foi protagonista de um dos momentos altos da noite.
Depois do ator Samuel L. Jackson gritar o seu nome, o realizador - que era um dos argumentistas de "BlacKkKlansman - O Infiltrado", saltou-lhe literalmente para o colo.
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Spike Lee pediu que se desligasse o cronómetro e fez um discurso inflamado. O realizador já tinha chamado a atenção na passadeira vermelha, com o seu fato escolhido para homenagear Prince. Lee, nomeado várias vezes, só tinha conseguido um Óscar honorário em 2016, ao fim de 30 anos de carreira. Esta noite (finalmente) convenceu a Academia e levou a estatueta pelo Melhor Argumento Adaptado.
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Se não fosse o prémio de Melhor Documentário em Curta-metragem, entregue a "Period. End of Sentence", a noite tinha sido muito mais aborrecida. Rayka Zehtabchi, a diretora, foi a única galardoada a gritar em palco. "Não acredito que um filme sobre a menstruação ganhou um Óscar!". A Academia devolveu-lhe o elogio.
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A 91ª cerimónia dos Óscares esteve longe - em duração e brilho - de outros tempos, mas teve alguns momentos inéditos, como um dos apresentadores a descer do teto munido de um guarda-chuva - Keegan Michael Key, em homenagem ao regresso de Mary Poppins ao ecrã -, e agradecimentos lidos diretamente do telemóvel - Ruth E. Carter, distinguida pelo Melhor Guarda-roupa não levou o famoso papelinho do discurso e puxou do aparelho.
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Se o público pudesse votar, Lady Gaga e Bradley Cooper teriam ganho um Óscar só por esta atuação.
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"Shallow", do filme "Assim nasce uma estrela", acabou por conquistar, sem surpresas, o Óscar para Melhor Música Original. Lady Gaga, que também estava nomeada para a categoria de Melhor Atriz, fez um dos discursos mais comoventes. "Bradley, não há outra pessoa no mundo com quem poderia ter cantado esta canção", disse.
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A cantora e atriz referiu-se ao prémio como resultado de um longo e árduo trabalho e aconselhou todos os que sonham a fazerem o que mais gostam e a nunca desistirem.
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E a atuação deslumbrou. Até para quem só estava a ver no sofá.
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