"Astérix na Lusitânia" chega às livrarias: autores falam em "homenagem à cultura portuguesa"
O livro com 48 páginas aborda vários estereótipos, com referências a fado, bacalhau, calçada, azulejo e vinho, sempre com o humor característico das personagens
Corpo do artigo
A nova banda desenhada de Astérix e Obélix, intitulada "Astérix na Lusitânia", publicada esta quinta-feira mundialmente, pretende ser uma homenagem à cultura lusitana e dar a conhecer a história de Portugal, segundo os autores Fabcaro e Didier Conrad.
"É uma homenagem à cultura lusitana, à saudade. Nós fomos a Portugal, vimos concertos de fado e foi maravilhoso. Quando fazemos um álbum de viagem a um país que existe realmente, nós queremos que o país goste", disse à Lusa o argumentista Fabcaro, nome artístico de Fabrice Caro, numa entrevista nas instalações da Éditions Albert René.
Durante uma das três visitas ao país, Fabcaro, que já tinha escrito "Astérix - O Lírio Branco" (2023), teve a ideia de levar os dois gauleses para Portugal pela primeira vez para dar a conhecer "um pouco da cultura lusitana" e da história de Portugal aos leitores, após visitarem mais de 15 países acompanhados do seu fiel companheiro de quatro patas, Ideiafix.
"Eu queria um álbum ao lado do mar, num país do Sul, com água, sol, luz bonita, fachadas coloridas. Um álbum que me desse vontade de ir de férias, então Portugal foi perfeito", acrescentou.
Apesar de não terem muitos conhecimentos sobre Portugal na época romana, foi através da pesquisa - que incluiu conhecer "a história de Viriato" e a produção de garum (molho popular na Roma Antiga, feito a partir da fermentação de peixes e sal) - que surgiu a história para a nova aventura da dupla de gauleses mergulhada num sentimento de saudade, símbolo da identidade portuguesa.
O livro com 48 páginas aborda ainda vários estereótipos, com referências a fado, bacalhau, calçada, azulejo e vinho, sempre com o humor característico das personagens, que o autor espera "não conter erros" e agradar a todos, mas principalmente aos leitores portugueses.
"Eu tento fazer um álbum que funcione em francês, que seja engraçado e o melhor possível em francês, sem me perguntar muito sobre como vai ser traduzido, mas quando terminei pensei: pobres tradutores, como vão traduzir as brincadeiras, os jogos de palavras?", revelou Fabcaro.
Em março, quando foi anunciado que a nova aventura do tempo dos romanos seria em terras lusitanas, os autores revelavam à imprensa internacional que a história inclui uma personagem que já tinha aparecido na BD "O Domínio dos Deuses" (1971), um escravo lusitano.
"Desde que decidimos que seria a Lusitânia, eu pensei nessa pequena personagem, nesse escravo. Eu gosto muito da ideia de fazer ligações entre os álbuns", afirmou Fabcaro, revelando que tiveram de lhe dar um nome, porque seria ele o responsável por trazer Astérix e Obélix para Olissipo (Lisboa).
A tiragem mundial prevista é de cinco milhões de exemplares, em 19 línguas e dialetos, para o 41.º álbum de uma das mais conhecidas séries de banda desenhada, que surgiu em 29 de outubro de 1959, nas páginas da revista francesa Pilote pelas mãos de René Goscinny e Albert Uderzo.
Este novo álbum, que levou um ano e meio a ser produzido, foi desenhado por Didier Conrad, que já ilustrou sete álbuns de Astérix a tentar respeitar a "difícil" tarefa de manter o estilo do Uderzo, "que evoluiu muito através dos álbuns", ao dar vida às novas personagens e às paisagens portuguesas.
"Uderzo sempre fez como ele queria, podia variar bastante de um álbum para outro. Então, eu tenho de escolher o que me parece o melhor e isso pode ser complicado", afirmou Didier Conrad.
Segundo o ilustrador, após mais de 60 anos de aventura, humor e cultura misturados, Astérix mantém-se "intemporal" por "falar da Antiguidade", em que a cada história há "uma espécie de desenvolvimento da Antiguidade sobre os comportamentos e as situações que são muito próximas do que se encontra na realidade atual", fazendo assim um paralelo entre o presente e o tempo dos romanos.
"Astérix na Lusitânia", publicado esta quinta-feira em Portugal pela editora Asa numa tiragem de 80.000 exemplares, será apresentado pelos autores no espaço cultural do El Corte Inglés no dia 27 de outubro, com apresentação do humorista Hugo van der Ding.