Bateu Matou boicota Eurovisão por "repúdio ao genocídio e à impunidade de Israel"

Vários artistas que já participaram no concurso também contestaram a presença de Israel na Eurovisão
Georgios Kefalas/EPA
Mesmo que vença o Festival da Canção, a banda recusa participar no Festival Eurovisão 2026. O baterista Quim Albergaria explica que "a tomada de posição é uma de clarificação e posicionamento. Estamos a desbloquear a nossa ética e os nossos valores para nos podermos concentrar na música".
Dezassete músicos e intérpretes anunciaram que vão recusar participar no Festival Eurovisão do próximo ano, caso saiam vencedores do Festival da Canção. Quim Albergaria, baterista dos Bateu Matou, banda que assina o comunicado conjunto, explica à TSF que a tomada de posição destes músicos serve para repudiar o genocídio levado a cabo por Israel na Faixa de Gaza, mas também para dizer que Israel devia ser excluído da Eurovisão, tal como foi a Rússia por causa da invasão à Ucrânia.
"Então, são simples as nossas razões. São simples e são três, na verdade. Historicamente, o Festival da Canção não existe porque existe a Eurovisão. É um marco da nossa cultura, é um certame soberano e uma amostra da nossa música, da música portuguesa, que muito nos honra participar. São duas instâncias relacionadas, mas totalmente independentes. Nós, pessoalmente, somos músicos porque somos pessoas. E os valores com que saímos à rua são os mesmos com que subimos ao palco, não são diferentes. Israel está a cometer genocídio na Palestina, isto é claro. E estes crimes contra a humanidade têm consequências políticas, económicas e culturais. A Rússia foi impedida de se fazer representar na Eurovisão e o mesmo deveria acontecer com Israel. E, finalmente, a decisão institucional de participar na Eurovisão com Israel como concorrente a nós não nos representa. Esta tomada de posição das onze canções é sobre deixar claro o nosso posicionamento repúdio ao genocídio e à impunidade de Israel. Isto para que possamos agora concentrar-nos no Festival da Canção, no nosso Festival da Canção, na nossa música portuguesa e em dar o melhor espetáculo possível", conta.
Questionado sobre se a tomada de posição dos músicos pretende também pressionar o Governo para se juntar a países como Irlanda, Espanha, Eslovénia, Islândia e Países Baixos, que decidiram não participar no certame musical. Quim Albergaria responde que se trata apenas de uma posição pessoal de cada artista que assina o comunicado.
" Mais do que outra coisa qualquer, esta tomada de posição é uma de clarificação e posicionamento deste grupo de pessoas. Em instância alguma foi pensado para ser uma força de bloqueio ou de pressão do que quer que seja. Não, estamos a desbloquear a nossa ética e os nossos valores para nos podermos concentrar na música, que é sobre o que este festival é".
Entre os participantes do Festival da Canção que recusam participar na Eurovisão estão também Cristina Branco e Djodje.
