Bêbedos e borracholas. Há um livro que canta as histórias do vinho em Portugal
O vinho, a amizade e a cultura portuguesa serviram de ponto de partida para o livro "Vinho e amigo, o mais antigo - Canções de beber dedicadas aos amigos".
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Bêbedos, borrachos, borracholas. Copofónicos, empielados e enfrescados. Tosgas, pielas e pifões. No dicionário da Língua Portuguesa não faltam palavras para definir o ato de beber em excesso. Mas e as canções? Um grupo de amigos juntou-se para olhar para o cancioneiro popular português e descobriu músicas relacionadas com o vinho e com o ato de beber na cultura portuguesa.
"Começou por uma conversa informal entre amigos e pôs-se a questão: os irlandeses, os alemães, os ingleses têm cantigas, e nós, um país onde se dizia que beber vinho era dar de comer a um milhão de portugueses, não temos cantigas de bebedores?".
João Pimentel, coordenador do disco que acompanha a obra, explica que a pesquisa nos cancioneiros publicados até ao século XIX deu origem a uma antologia de cantigas populares, com algumas músicas a recuar até às vivências do século XVIII.
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Muitas das canções falam da partilha de vinho à mesa. "Aquilo que eu procurei foi encontrar cantigas que pudessem ser cantadas em coro entre amigos, que estão à volta de uma mesa a comer e beber. Não é só beber, tem que se comer também, as duas coisas estão relacionadas", remata.
A ato de beber em coletivo funciona como um ritual para muitos, explica João Pimentel, acrescentando que o livro junta dois tipos de textos: o memorialismo e a função do vinho em rituais coletivos. "Por exemplo, o texto do Frei Bento Domingues sobre a Eucaristia e o de Francisco Luís Parreira sobre a Liturgia".
João Pimentel garante que o livro "Vinho e amigo, o mais antigo - Canções de beber dedicadas aos amigos", com edição da Fabula Urbis, não pretende "fazer a apologia do álcool" - apesar de nenhum dos autores ser abstémio - mas antes refletir sobre a importância do vinho na sociabilidade e na cultura portuguesa.