Abre hoje no Museu de Serralves, a maior exposição na Europa de Yayoi Kusama. É uma mostra retrospetiva de uma artista que é uma espécie de superestrela.
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Não falta quem ponha a japonesa Yayoi Kusama nas listas das mais importantes artistas da atualidade. Com 95 anos, ela tem um percurso imenso que passa por muitas fases, desde a arte abstrata, passando pela arte pop e instalações até à arte imersiva.
O que vai atravessando muitos dos seus trabalhos são as bolinhas que espalha por muitas das suas obras, sejam pinturas ou esculturas.
Phillipe Vergne, diretor do Museu, lembra o estatuto de estrela que a japonesa tem dizendo que “ela é o mais próximo que um artista pode ser de uma celebridade. No entanto, esse reconhecimento é a consequência do trabalho que criou desde 1945”.
Nasceu em Quioto, viveu em Nova Iorque durante a juventude e foi lá que se iniciou a sério no mundo das artes. No entanto, em 1977, a contas com uma doença mental, ela própria internou-se numa instituição psiquiátrica e é lá que ainda hoje vive.
No entanto, as obras mais famosas não parecem refletir esse lado negro da artista. As peças são coloridas e pintalgadas de bolinhas. A curadora da exposição que hoje abre em Serralves, Mika Yoshitake, aponta para uma série de esculturas de abóboras e explica que “são uma espécie de alter-ego dela. Ela vê as abóboras como algo abjeto. Uma coisa que chama muito a atenção, mas também causa repulsa.”
Abóboras com pintinhas e bolinhas que em breve vão ter a companhia de algumas em tamanho gigante. No final de abril, revela Mika Yoshitake, “os jardins de Serralves vão ter uma versão gigantesca destas esculturas”.
Em parte, foram esses trabalhos de grande escala que tornaram famosa a artista japonesa. Os jardins de Serralves, para além das abóboras, também terão uma outra peça de larga escala na zona do lago e no interior do edifício do museu está um exemplar daqui a que a artista apelidou de quarto-infinito.
A curadora explica que é um espaço que “inclui muitos balões insufláveis que têm bolinhas pintadas” e que depois “esconde um outro quarto que tem espelhos por fora e por dentro”.
Kusama é pioneira deste tipo de arte imersiva, em que o visitante entra dentro da obra. A curadora Mika Yoshitake lembra que o primeiro exemplar que ela fez “é de 1965, em que ela usa uma série de formas fálicas pintadas de vermelho e branco dentro de um quarto cheio de espelhos, como um prado”.
Este que está em Serralves não tem formas fálicas, antes as tais bolas insufláveis pretas com pintas brancas. Muitas. Diz a curadora “parece que estamos no espaço”.
Com cerca de 160 trabalhos, incluindo pinturas, desenhos, esculturas, instalações e materiais de arquivo, esta exposição explora a carreira de Kusama desde os seus primeiros desenhos, feitos na sua adolescência durante a Segunda Guerra Mundial, às suas obras de arte imersivas mais recentes.