Já está nas bancas o livro "33 Revoluções", de Canek Sanchez Guevara, neto do comandante Che Guevara. A tradução portuguesa é de Viriato Teles, que foi convidado nesta Manhã TSF.
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Neto de Che Guevara, mas crítico do regime cubano, Canek Sanchez Guevara nunca quis fazer render essa dupla condição. Era um desalinhado.
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Nasceu em maio de 1974, em Havana, Cuba, mas abandonou a ilha definitivamente em 1996, após a morte da mãe, Hilda Guevara, filha de Che.
Canek Sanchez Guevara construiu, em relação ao avô, uma visão equidistante - diferente do que tanto a direita e a esquerda veem nele. Considerava redutores tanto o retrato de "guerrilheiro heroico" como o de "carniceiro da revolução".
Optou por ser aquilo que ele mesmo definiu como "vagabundo profissional, antropólogo urbano, filósofo de supermercado, cronista do que carece de interesse, escritor de nada em concreto".
Apaixonou-se por Kafka, Schopenhauer, pelo mito de Trotsky, pelo rock, pelos dadaístas e pelo som eletrónico. Editor, desenhador, às vezes promotor cultura, compôs música e publicou um livro que não vendeu: "Sou apenas um egoísta que aspira a ser um homem livre".
Em 2005, viaja até à Europa e cria um blogue de viagem que há de alimentar uma crónica na versão online do Nouvel Observateur.
O livro agora publicado resulta de sete anos de deambulações pela Europa e pelos trilhos latino-americanos, do México ao Amazonas. Uma novela depurada que revela o mais maduro do homem que morreria em 2015, aos 40 anos.
"33 Revoluções" centra-se na vida de um burocrata em Havana, apesar do nome da cidade nunca ser referido. Esta não é, contudo, a Havana que já visitámos e conhecemos. É uma Havana onde os dias correm a 33 rotações, como nos velhos discos, sendo este um disco riscado: "A vida inteira é um disco riscado e sebento".