O professor universitário estudou Eça de Queiroz e fala da atualidade do escritor na análise de realidade e ideias. Antes de participar na cerimónia do Panteão Nacional, Carlos Reis disse na TSF que Eça foi dos que melhor conheceu os portugueses.
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A “elegância e a graça” com que Eça de Queiroz descreveu os portugueses, no final do século de XIX, “mantém-se até hoje”, na opinião de Carlos Reis.
O professor de litaratura da Universidade Coimbra, especialista em literatura portuguesa dos séculos XIX e XX, e investigador queirosiano, fala de Eça de Queiroz, como alguém que “pensou as instituições, a história, os modos de ser, a figuras do seu tempo e do passado”, em romances que têm ainda hoje “uma qualidade indesmentível”.
Nesse sentido, Carlos Reis diz que “há uma língua portuguesa antes de Eça, e uma língua portuguesa depois de Eça”.
A transladação dos restos mortais de Eça de Queiroz do cemitério de Santa Cruz do Douro para o Panteão Nacional “mais vale tarde que nunca”, na opinião de Carlos Reis, que reconhece que “estas coisas” nem sempre são possíveis de acontecer logo depois da morte das figuras em questão.
Carlos Reis lembra que o escritor foi várias vezes lembrado pelo país, mas admite que nem sempre os cidadãos estão ligados aos artistas ou as escritores do país. O professor universitário diz que é “gravíssimo” o afastadamento do país em relação às humanidades, e que esse erro está a custar muito caro. Sobre este assunto, Carlos Reis chega mesmo a considerar “provinciano”, o erro que é a desqualificação dos valores que só podemos encontrar nas artes, na literatura e na filosofia, que nos alimentam a visão ética que precisamos.