Construção em granito guarda livros, mobiliário, fotografias e objetos pessoais do autor de “Os Maias” e “A Cidade e as Serras”, entre outras obras
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A Casa de Tormes é, desde 1990, a sede da Fundação Eça de Queiroz, no concelho de Baião, distrito do Porto. É a única casa que pertenceu ao autor de “Os Maias”, “O Primo Basílio” e “A Cidade e as Serras”, entre outros livros.
Situada na freguesia de Santa Cruz do Douro, a moradia, construída em granito, é hoje uma casa-museu que recebe milhares de visitantes por ano e onde é possível conhecer melhor as várias dimensões da vida e obra do escritor.
A diretora-executiva da Fundação, Anabela Cardoso, explica que Eça de Queiroz chegou àquela casa na “primavera de 1892 para tratar das partilhas com os cunhados Conde de Resende e ficou encantado pela região”. Foi lá que acabou por se “inspirar para escrever o romance ‘A Cidade e as Serras’”.
É neste livro que Eça de Queiroz fala do arroz com favas, refeição que comeu na mesa que sobressai na sala de entrada. Anabela Cardoso salienta que esta era “uma das peças de mobiliário daquela casa” e que está integrada entre “outras peças que vieram da Casa de Paris”, onde o escritor viveu, e que, todas juntas, compõem o espaço museológico.
Algumas das peças estão protegidas numa vitrine, onde é possível observar “as alianças de casamento, o alfinete de gravata, a Cruz da Legião de Honra Francesa e o monóculo”, entre outros objetos pessoais.
Mas o que desperta mais curiosidade do público é a secretária que Eça de Queiroz “desenhou à medida dele” e “onde ele escrevia de pé, encostado ao banco”. Anabela Cardoso destaca também os objetos que lhe pertenceram e que permanecem em cima da mesa, nomeadamente, “o tinteiro de latão, o canudo do diploma – Eça de Queiroz formou-se em direito na Universidade de Coimbra – e a vassourinha que ele utilizava para limpar os manuscritos e as gravuras”. A diretora-executiva da Fundação sublinha que Eça “gostava de ter tudo muito bem organizado e não gostava que ninguém mexesse nas coisas dele”. Daí que fosse ele quem “limpava as coisas da sua secretária para que não saíssem da ordem que ele queria”.
Na sala-museu da Casa de Tormes estão, por exemplo, “as estantes com os livros que faziam parte da sua biblioteca particular, uma estante-arquivo e a cabaia de mandarim”. A cabaia é “uma veste tipicamente oriental que lhe foi oferecida pelo Conde de Arnoso e sobre qual escreve também em ‘O Mandarim’”.
Anabela Cardoso nota ainda que a casa dispõe de diverso mobiliário que pertenceu a Eça de Queiroz. Na sala de estar estão os sofás azuis, na sala de jantar e no quarto há móveis da Casa de Paris. “São espaços que despertam a curiosidade do público”, refere.
A Casa de Tormes, onde são evidentes as várias dimensões da vida e obra do escritor, pode ser visitada todos os dias, exceto à segunda-feira. O bilhete de acesso geral custa seis euros por pessoa e há preços especiais para grupos e escolas.
Até abril, a maior parte dos visitantes são alunos de várias escolas, “às vezes mais de 100 por dia”. Além das visitas guiadas para os estudantes, há atividades complementares. Segundo Anabela Cardoso, “podem ver documentários sobre a vida e obra do escritor, que servem para perceberem melhor quem foi Eça de Queiroz”.
Entre os milhares de visitantes que a Casa de Tormes recebe há também muitos estrangeiros, nomeadamente brasileiros, norte-americanos e nórdicos.
