O músico Júlio Pereira vai anunciar essa intenção durante a apresentação do seu disco/livro "Rasgar"
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Depois do fado e do cante alentejano, a prática do cavaquinho também quer ter um lugar na Lista Representativa do Património Cultural Imaterial da Humanidade.
O músico Júlio Pereira, presidente da Associação Cultural Museu Cavaquinho, acredita que "o ramalhete fica mais composto" e este instrumento vem dar um quadro mais completo sobre as manifestações musicais portuguesas.
"A prática do Cavaquinho é uma tradição continuada e todos nós sabemos que essa candidatura pode trazer mais alegria e extroversão", salienta o músico, assinalando que tanto o Cante alentejano como o Fado são manifestações de "grande interioridade" ." Portanto, acredito que o cavaquinho possa ser um complemento bom para que no estrangeiro as pessoas possam perceber melhoras manifestações musicais que nós temos", entende.
Quando se fala da origem deste instrumento de cordas, o músico lembra que "não há uma verdade absoluta" sobre um passado muito longínquo.
"Obviamente, há uma certeza que é inequívoca: a de que se desenvolve num determinado sítio do mundo, no Minho", avança. "Esse é um tipo de cavaquinho, mas há um outro também urbano e não esquecer o braguinha, que antigamente se chamava machete na Ilha da Madeira" adianta. O novo disco de Júlio Pereira, "RASGAR" é acompanhado por um livro onde o etno-musicólogo Nuno Cristo faz um historial sobre a origem do cavaquinho.
Acredita-se também que oeste instrumento de cordas foi levado pelos emigrantes portugueses para o Havai no século XIX e que terá dado origem ao ukulele.
"Há 10 anos já se estimava que o ukulele tivesse 200 milhões de adeptos!" , sublinha." O curioso é que todos eles,espalhados pelo mundo, são perentórios em atribuir a origem portuguesa a esse instrumento", garante.
Júlio Pereira, que lançou o seu disco "Cavaquinho" em 1980, conta que nessa altura conhecia apenas dois grupos que tocavam o instrumento. Hoje já são muitos grupos a dedilhar o cavaquinho.
"Se imaginar que hoje há entre 200 a 300, dá para perceber a evolução que foi nestes 50 anos", revela
"Há de tudo, homens, mulheres, crianças, idosos .Na realidade, a prática do cavaquinho tem sido muito importante na terceira idade(...) há muitos idosos que que se encontram e formam grupos de cavaquinho e, como deve imaginar, mudou a vida também para melhor, obviamente, de um idoso."
Júlio Pereira apresenta o seu disco esta terça feira no Centro Cultural de Belém e quarta feira na Casa da Música do Porto.