Sexta e sábado ao vivo no Teatro Municipal de São Luiz em Lisboa
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Cresceu em Manhattan, Nova Iorque, descendente de uma família indiana, Kavita Shah viveu também em países como o Equador, Perú ou Brasil, e fala várias línguas, incluindo o português. As suas raízes culturais foram cruzando também os sons da América latina, o gospel e o jazz, mas foi Cesária Évora, no palco, "descalça, a fumar cigarros, sem querer saber de nada que não fosse cantar com aquele sentimento" que mudou a vida de Kavita.
"Não conhecia a canção Sodade mas, naquela altura, senti que um dia tinha de ir a Cabo Verde". "Sodade" acabou por ser o tema de abertura do seu álbum de estreia em 2014, "Visions", com a guitarra e co-produção de um mestre da guitarra nascido no Benim, Lionel Loueke.
"Sodade" ganhou agora uma nova versão, em 2023, no álbum "Cape Verdean Blues" gravado com Bau, um mestre da música das ilhas da morna, das coladeiras e do funaná, depois de ter ido a São Vicente e, por mera coincidência, ter tido aulas de cavaquinho com o virtuoso que acompanhou Cesária. E o ciclo completou-se.
"Quando o Bau começou a tocar, eu só queria cantar... E só depois soube quem era", contou.
Com Bau gravou um álbum (quase) só com música de Cabo Verde a que chamou "Cape Verdean Blues". O título vem da faixa que fecha o disco e que é da autoria do pianista norte-americano Horace Silver que tinha nos apelidos também Tavares Silva, herança do pai, cabo verdeano, João Tavares Silva.
"Cape Verdean Blues" vai ser o centro dos dois espectáculos de Kavita Shah no Teatro Municipal de São Luiz, em Lisboa, dias 20 e 21 de dezembro, com a viola de Bau, a guitarra de Djodje Almeida, a percussão de N'Du Carlos e o baixo de Rolando Semedo. E no dia 21 com uma convidada especial, a cantora Nancy Vieira.
Para perceber como o espírito da morabeza, na voz de Cesária, mudou a vida desta norte-americana, com raízes indianas, que já viveu em vários países da América do sul e que também fala português.
