De Nuno para Nuno, Teotónio Pereira pensou sempre mais nas "intenções do que nas formas"
Um homem extraordinário, de características especiais... um mestre. No dia em que Nuno Teotónio Pereira é distinguido com o Prémio Universidade de Lisboa, a TSF conversou com Nuno Portas. Partilham o mesmo nome, o mesmo ofício e muitas memórias.
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O trabalho conjunto durante mais de duas décadas permite analisar o arquiteto Teotónio Pereira através do olhar de Nuno Portas. O primeiro encontro aconteceu durante o percurso académico. As dúvidas de Nuno Portas, então estudante universitário, terminaram quando pisou o gabinete e recebeu uma missão.
"Eu tinha dúvidas se queria ficar a fazer Arquitetura. Ele disse-me: 'vais fazer um projeto, que é uma casa. Eu, pelos vistos, fiz bem e nunca mais nos largamos", recorda.
Nuno Portas começa assim a desfiar as memórias da longa convivência com Nuno Teotónio Pereira. O caminho, em conjunto, prolongou-se por mais de 20 anos. Partilharam projetos, prémios e polémicas. O edifício "franjinhas", na rua Brancaamp, em Lisboa, foi um exemplo. "Foi muito criticada na altura, mas depois acabou por ser premiado", recorda Nuno Portas.
A Igreja do Sagrado Coração de Jesus, em Lisboa, pensado a dois, e vencedor de um prémio Valmor, em 1975, também é destacado por Nuno Portas, que não se alonga nos comentários por ser interveniente ativo. Projetos à parte, o arquiteto sublinha, que o exemplo que recebeu e que foi sempre coerente. "Ao contrário de outros, ele pensava mais nas intenções do que nas formas".
O Prémio Universidade de Lisboa 2015 é atribuído, esta quinta-feira, a Nuno Teotónio Pereira. Nuno Portas vai discursar. Nas linhas que já anotou aparecem as palavras extraordinário, especial, homem social. Só falta mais uma...
"Ele foi o meu mestre".