No Dia Mundial do Cinema, a TSF recorda 10 filmes que foram fracassos a nível comercial quando estrearam, mas que os anos transformaram em clássicos ou em filmes de culto. Let's look at the trailer...
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Sempre que surgem listas dos melhores filmes da história do Cinema, "O Mundo a Seus Pés" ("Citizen Kane", 1941), marca presença e muitas vezes no primeiro lugar. No entanto, a estreia enquanto realizador de Orson Welles, com apenas 24 anos, não foi bem recebida quando estreou. O filme conta a história de um magnata da imprensa norte-americana, Charles Foster Kane, e foi inspirado na vida de William Randolph Hearst, que quis proibir a exibição do filme nos Estados Unidos.
Mais do que a história, que foi distinguida com um Óscar de Melhor Argumento Original, o filme de Orson Welles fica na História por ter quebrado regras do cinema, pela inversão cronológica da narrativa e pelas inovações técnicas introduzidas. Apesar da ousadia, ou por causa dela, "O Mundo a Seus Pés" marcou o início de uma relação difícil do cineasta com Hollywood.
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Hoje em dia, "Do Céu Caiu Uma Estrela" ("It's a Wonderful Life", 1946) é considerado um clássico do cinema, em geral, e do Natal, em particular, mas o primeiro filme que Frank Capra realizou depois da II Grande Guerra não conseguiu recuperar o investimento feito na altura da estreia.
No filme, numa pequena cidade norte-americana, George Bailey, um homem bom chega ao limite das suas forças e tenta o suicídio, mas é lhe dada uma segunda oportunidade. Na época, o filme produzido pela pequena companhia de Capra, Liberty Films, não resistiria e acabaria por ser comprada pela Paramount.
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Um dos grandes estúdios, a 20th Century Fox, quase chegou ao fim na década de 1960. A razão foi "Cleópatra" (1963), um épico histórico sobre a rainha do Egito e o romano Marco António, realizado por Joseph L. Mankiewicz. O filme tinha um orçamento inicial de dois milhões mas acabou por custar 44 milhões de dólares, o que equivaleria a uma verba atual de 310 milhões de dólares (272 milhões de euros), o que o torna um dos filmes mais caros de sempre.
Nas bilheteiras, "Cleópatra" recuperou o investimento apesar das críticas negativas, mas foram precisos vários anos e "Música no Coração" para que a Fox recuperasse o prejuízo. Além disso, teve de vender metade dos estúdios e repensar a forma de financiar filmes no futuro. O romance entre os protagonistas Elizabeth Taylor e Richard Burton também acabou por dar uma ajuda para vender bilhetes.
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"A Mulher Que Viveu Duas Vezes" ("Vertigo", 1958) foi a obra que superou "O Mundo a Seus Pés" como "O Melhor Filme de Sempre", numa eleição da prestigiada revista Sight & Sound . O topo da lista era ocupado há 50 anos pelo filme de Orson Welles.
Hoje visto como uma obra-prima, o filme de Alfred Hitchcock não foi bem recebido pelo público quando estreou e não conseguiu o sucesso de obras anteriores do mestre do suspense. Para tal, terá contribuído a temática complexa, relacionada com psicologia, e a estrutura narrativa, uma vez que o mistério do filme é revelado quase uma hora antes do final.
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Há muitas histórias que rodeiam a filmagem de "As Portas do Céu" ("Heaven's Gate", 1980). Conta-se, por exemplo, que no sexto dia de rodagem, a produção já estava com cinco dias de atraso, com o realizador a gastar quase 200 mil dólares por dia. O filme tornou-se um dos maiores fracassos de bilheteira de sempre e a United Artists perdeu tanto dinheiro que o estúdio teve de ser vendido.
Michael Cimino era tão meticuloso e perfeccionista que acabou por filmar 220 horas e quando acabou a rodagem, meses depois da data prevista, tinha em mãos um filme de cinco horas e meia que a United Artists depressa reduziu para três. Apesar dos esforços do estúdio, a estreia foi um desastre e nem os críticos nem o público gostaram do western. Apenas em 2013, quando o filme foi reeditado e mostrado em Nova Iorque, é que as críticas louvaram o esforço de Cimino.
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Outro dos flops da década de 1980 pertenceu a Francis Ford Coppola. "Do Fundo do Coração" ("One From the Heart", 1981) era um sonho do realizador aclamado por "O Padrinho" e "Apocalypse Now" que queria filmar uma história de amor em Las Vegas. Mas o que seria um pequeno projeto de dois milhões cresceu para um orçamento de 26 milhões de dólares, quando Coppola quis recriar a cidade em estúdio para dar-lhe um visual mais artificial.
O filme faria pouco mais de 600 mil dólares em bilheteira, Francis Ford Coppola teve de encerrar Zoetrope Studios, que tinha fundado em 1969, e passaria vários anos a pagar dívidas. No entanto, com os anos o filme acabaria por se tornar um objeto de culto muito graças à idílica banda sonora de Tom Waits e Crystal Gayle.
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Considerado um dos filmes de culto do cinema, "Blade Runner: Perigo Iminente" ("Blade Runner", 1982) era tão diferente e original que, quando estreou, o público não o percebeu. Na altura, nem o protagonista Harrison Ford, uma super estrela devido a "Guerra das Estrelas" e "Indiana Jones e os Salteadores da Arca Perdida", convenceu os espetadores a ver o filme de Ridley Scott.
A produção foi atribulada, ultrapassando prazos e orçamentos, o que levou o estúdio a tentar parar as filmagens em diversas ocasiões e a impor a narração de Harrison Ford para tornar a história mais acessível. Só em 1992, quando foi revelado o director's cut - a visão original de Ridley Scott - é que o filme conquistou críticos, público e um lugar cimeiro na história do cinema e da ficção científica do grande ecrã.
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Também Sergio Leone teve de lidar com as pressões e cortes impostos pelo estúdio quando filmou "Era Uma Vez na América" ("Once Upon a Time in America", 1984), atualmente visto com uma das obras maiores do cineasta italiano.
Originalmente o filme tinha quatro horas e meia, depois foi editado para três horas e 49 minutos e, nos Estados Unidos foram mais longe e reeditaram o épico para pouco mais de duas horas, o que tornou "Era Uma Vez na América" uma obra incompleta e confusa para críticos e espetadores. Hoje em dia, a versão original de Sergio Leone é considerada um dos melhores filmes de gangsters de sempre.
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O filme que domina o topo da lista da maior base de dados de cinema na Internet, o IMDB, foi elogiado pela crítica quando estreou e nomeado para sete Óscares da Academia mas, mesmo assim, o público não o foi ver ao cinema. Só quando chegou ao mercado do VHS e à televisão por cabo nos Estados Unidos é que "Os Condenados de Shawshank" ("The Shawshank Redemption", 1994) começou a ganhar fãs e estatuto de obra-prima.
A obra de Frank Darabont é baseada num conto de Stephen King e passa-se numa prisão e é uma história repleta de humanismo e esperança. Um dos protagonistas, Morgan Freeman, atribuiu o fracasso do filme nas bilheteiras ao título estranho e confuso.
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Quando estreou em outubro de 2001, o pequeno filme independente de Richard Kelly, que mostrava um motor de avião a cair em cima de uma casa, não escolheu a melhor altura. O público norte-americano fazia o luto dos atentados do 11 de setembro e "Donnie Darko" (2001) rendia apenas 500 mil dólares nas bilheteiras depois de ter custado 4,5 milhões. Aliás, se não fosse uma pequena ajuda da produtora da atriz Drew Barrymore, o filme teria ido diretamente para o mercado de vídeo.
O rumo descendente do filme alterou-se quando foi lançado em DVD, quando chegou às salas europeias e quando a versão de Gary Jules e Michael Andrews da música "Mad World", originalmente da banda britânica Tears for Fears, se tornou um sucesso. Em 2004, o realizador Richard Kelly lançou um director's cut mais longo que dividiu opiniões.
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