O português que ganhou dois prémios no principal concurso internacional de ópera
Luís Gomes foi o representante masculino das cores lusas e levou na voz o nome de Portugal ao pódio do Operalia. O concurso mundial de ópera fundado pelo espanhol Plácido Domingo há 25 anos decorreu pela primeira vez em Portugal.
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"A partir de agora, toda a gente do mundo da ópera saberá o meu nome." É desta forma que o português Luís Gomes, de 31 anos, comenta as duas vitórias referentes ao Prémio zarzuela ('ex-aequo' com Pavel Petrov) e ao prémio do público para melhor voz masculina, no concurso Operalia, que decorreu no Teatro Nacional de São Carlos entre 27 de agosto e 2 de setembro. O prémio zarzuela tem um valor de 10 mil dólares (cerca de 9 mil euros) e o de melhor voz masculina de 30 mil dólares (cerca de 26 mil euros).
O tenor estudou no Conservatório Nacional de Lisboa, na Escola Superior de Música de Lisboa e na Guildhall School of Music and Drama em Londres, onde se licenciou em Canto e fez mestrado em Ópera.
Passou pela Royal Opera House e estreou-se em junho no palco do Teatro Nacional de São Carlos, em "La Traviata", com um papel que vai voltar a interpretar em outubro no Coliseu do Porto.
Foi um dos quase 700 candidatos a concorrer a um "lugar ao sol" no canto lírico e que teve de enviar uma "demo" através de um cd para posterior análise. Também por estar tanta gente envolvida, Luís não esperava tal sucesso.
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O concurso tem servido de rampa de lançamento para muitos artistas de renome. A longa lista de vencedores que singraram nos grandes palcos internacionais atesta esse sucesso. Nina Stemme, Joyce DiDonato, Joseph Calleja, Ana María Martínez, Rolando Villazón, Arturo Chacón e Sonya Yoncheva são os nomes que escreveram a história dos vencedores do certame.
Luís não é exceção e espera que algumas "portas" se abram com esta vitória.
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O Operalia atrai cantores dos quatro cantos do mundo, com idades compreendidas entre os 18 e os 32 anos de idade, em todas as categorias vocais. Os concorrentes deste ano eram oriundos de 24 países, incluindo Austrália, Brasil, Canadá, China, Itália, Alemanha, Portugal, África do Sul e Estados Unidos da América. O grupo era formado maioritariamente por meio-sopranos e tenores, com uma sólida representação de sopranos e barítonos. Dois baixos e dois baixos barítonos completavam o leque dos participantes.
O júri do concurso integrou, sobretudo, diretores-gerais de teatros de ópera internacionais, entre os quais Patrick Dickie (diretor artístico do S. Carlos), Anthony Freud (da Ópera Lírica de Chicago), Joan Marabosch (do Teatro Real de Madrid) e a soprano Marta Domingo, mulher de Plácido Domingo.
A primeira edição do Operalia realizou-se em 1993, em Paris, tendo já acontecido em cidades como Tóquio, Hamburgo, Budapeste, Milão, Moscovo, Pequim, Verona, Los Angeles, Cidade do México, Londres, Madrid e Guadalajara.