Passam este sábado cem anos sobre o nascimento, em Paris, de Edith Piaf. Um centenário assinalado com a edição de um duplo CD ("Edith Piaf - 100º Anniversaire") e de uma edição de luxo com vários CD com quase toda a obra de um dos ícones maiores da canção francesa.
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Há um século, nascia em Paris Edith Giovanna Gassion, filha de uma cantora de cabaré e de um acrobata de circo. E a verdade é que aquela que ficaria conhecida como Edith Piaf teve tudo menos a vida cor de rosa que cantou no seu sucesso maior: "La Vie en Rose".
Entregue pelos pais a uma avó que negligenciava o seu tratamento, foi com ela que viveu um ano, antes do pai a ir buscar para a entregar à mãe que trabalhava num bordel, tendo sido criada pelas colegas de profissão da mãe. Mais tarde, acompanhou o pai em circos itinerantes e aos 16 anos, em 1931, começou a cantar nas ruas de Paris, passando depois a integrar o elenco de um clube parisiense, tendo sido o patrão do clube a dar-lhe a alcunha de "Piaf" (que, em calão de Paris, significa pardal) um termo que se ajustava na perfeição à jovem de pequena estatura e belíssima voz que ao longo da vida, entre amores e desamores, acreditou sempre no amor, um dos temas que mais assiduamente cantava, lado a lado com outros onde a morte, as drogas e o sexo eram a temática.
Em finais dos anos trinta, Edith Piaf começou a gravar, mas só alcançou o primeiro grande sucesso com "La Vie En Rose" (em 1947), escrevendo então as letras da maioria das canções que cantava. Mas outros autores e compositores começaram a escrever para a voz que se tornaria uma imagem da "chanson" e que recebeu, em 1952, o Grande Prémio da Academia de Discos de Paris, com a canção "Padam Padam".
Após uma digressão pelos Estados Unidos em 1947, Edith Piaf gravou mais tarde algumas versões de temas americanos como por exemplo "L" Homme à La Moto", assinada no original pela dupla Leiber e Stoller e editada por Piaf em 1955.
Mas se, enquanto cantora, a vida de Piaf foi relativamente linear, já a vida pessoal e afetiva foi recheada de altos e baixos, paixões e desgostos. Do lado da música, "Milord" (um tema de George Moustaki e Marguerite Monnot) foi o grande êxito de 1959, que chegou ao cimo das tabelas inglesas em 1960.
Apesar dos sucessos, Edith Piaf entrou numa depressão que a levou ao consumo excessivo de drogas e álcool em finais dos anos 50, tendo feito a última aparição em palco no Olympia em 1961. Dois anos mais tarde, a 10 de outubro de 1963, Edith Piaf viria a falecer aos 47 anos. Completaria 48 a 12 de dezembro.
Para a História da Música, fica a voz poderosamente frágil e a forma dramática da interpretação, um dramatismo que Edith Piaf levou também para as participações que teve no cinema.