Elísio Summavielle foi a emergência do recurso, depois da saída forçada de António Lamas e o risco do atual governo na ideia do eixo Belém/Ajuda em forma de empresa.
Corpo do artigo
No gabinete onde fizemos esta conversa, que é o gabinete do Presidente do Centro Cultural de Belém, as janelas são até ao chão e até ao teto, podemos olhar toda a praça do Império, os Jerónimos, o Tejo, o Padrão dos Descobrimentos, com a luz de Lisboa que entra pela vidraças. É um outro olhar, visto dali.
Elísio Summavielle entrou naquele gabinete há precisamente um ano e a primeira pergunta é essa mesmo. Será o CCB um navio ancorado naquela doca de Belém, adornado prestes a afundar, ou um navio ferido que precisa de cuidados antes de se aventurar ao mar? O CCB, A Fundação que é o CCB, responde o presidente, está bem, teve dificuldades, sem querer aprofundar o passado, mas o relatório de contas que está quase pronto indica que o ano de 2016 foi um ano razoável, vai sair um ligeiro lucro, depois de tudo contado.
O presidente diz que não é de fazer promessas mas quer que este ano seja lançado o concurso para construir os módulos 4 e 5 do Centro Cultural de Belém, que na primeira forma deveriam albergar a Orquestra Sinfónica Portuguesa e a Companhia Nacional de Bailado. Mas, nesta fase, há um entendimento diferente e vão ser um hotel de 5 estrelas, com 120, 130 até 140 quartos e zonas comerciais, que vão dar uma outra respiração financeira à instituição CCB. Podem ter zonas culturais, mas o atual Centro Cultural já tem muito espaço para isso.
As relações do Museu Berardo, neste momento, são as melhores, até por uma relação pessoal entre o presidente do CCB e o comendador e mesmo que Berardo tenha de abdicar da entrada livre, no museu Berardo, que era uma bandeira, valores mais altos se alevantam, diria o homem que criou o velho do Restelo, ali na margem do Tejo, a tudo ver.
É uma missão, estes quatro anos no CCB, uma comissão em África, confidencia Elísio Summavielle aos amigos, mas é para cumprir até ao fim e deixar uma marca, autonomia financeira e um lugar que sempre teve na cidade cultural e na paisagem de Belém.
Uma conversa franca, às vezes confessional, o CCB é um navio, escolham o rumo, que ao leme vai já quem nada teme, mesmo que a crítica faça parte de uma certa maneira de ser e de contar a história que tem sempre, como sabemos, pelo menos dois olhares diferentes.