Quarenta alunos de todo o país e Galiza participam até esta sexta-feira, numa residência artística, em Paredes de Coura, que terminará com um espetáculo de apresentação em formato ‘big band’
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É mais uma edição da Escola do Rock, que este ano está a comemorar 10 anos de existência. Maria do Mar Silva, de Penafiel, com 15 anos, já vai na terceira edição (2022, 2023 e 2024). “Em tudo, isto é uma experiência incrível, por isso regresso. A Escola do Rock já é um bocado a minha casa também”, comenta a aluna, que toca baixo, inspirada pelo pai músico.
Gabriel Afonso, de 13 anos, filho de dois professores, de Viana do Castelo, tem aproveitado estes dias para tocar bateria à vontade. No prédio onde vive, não o pode fazer para não incomodar os vizinhos com barulho.
“Tenho uma bateria digital, porque moro num prédio e é um bocado complicado ter uma bateria acústica. Aqui posso-lhe dar [tocar à vontade]”, diz Gabriel, que veste uma t-shirt dos Artic Monkeys, nesta sua primeira vez na Escola do Rock, fundada há uma década pelo município de Paredes de Coura, em coprodução com a Associação Cultural Rock’n’Cave e direção de formação do Space Ensemble. E que mantém, além de boa parte do núcleo inicial de formadores, como Miguel Ramos e Samuel Coelho, alunos “repetentes” como Pedro Costa, que entrou na escola pela primeira vez aos 15 anos e continua a frequentá-la com 25.
Tocou e cantar “Where is my mind”, dos Pixies, no palco principal do festival de Paredes de Coura, é “umas das memórias que lhe ficará para sempre”. “Foi espetacular e singular. Acredito que dificilmente a vá repetir na minha vida, mas guardo com muito carinho”, conta o ‘aluno’, natural de Vascões, Paredes de Coura.
Ao longo desta semana, a 10.ª turma da Escola do Rock, está a viver a música, em regime intensivo, com ensaios, workshops, concertos surpresa, cinema e outras atividades de animação cultural.
O objetivo principal é ensaiar uma ‘setlist’, este ano como nomes como Viagra Boys, Lou Reed, Low, David Bowie, Metronomy, ou Pixies, para apresentar no último dia e em futuros concertos.
Nuno Alves, do Space Ensemble, adianta que a ‘big band’ de 2024 conta diferentes tipos de instrumentos e vozes.
“Temos guitarras, bateristas, baixistas e o que chamamos de ‘orquestra sinfónica’ que é o grupo que inclui cordas, sopros, teclados. São quatro salas. Este ano houve uma separação maior e criamos duas mega orquestras e os concertos vão ser mais ou menos separados com alguns pontos em comum”, afirma, lembrando que este ano há uma efeméride a celebrar. “A celebração dos dez anos já começou em janeiro. Já tivemos o maior palco de sempre [com atuação] na Figueira da Foz e tivemos com a maior formação de sempre, 85 músicos, no Serralves em Festa.”
O presidente de Paredes de Coura, Vítor Paulo Pereira, refere sobre a escola que ajudou a fundar há 10 anos, que “a cultura é uma escola invisível”. “Quando fazemos da cultura uma escola de educação através da arte, isso é maravilhoso. Os miúdos mesmo que sejam competentes do ponto de vista curricular, hoje em dia nas empresas e no mundo da Inteligência Artificial, as emoções e a capacidade criativa, vão ser fundamentais no futuro”, afirma o autarca, que numa das primeiras edições da Escola do Rock, também por lá andou a aprender a tocar guitarra. “Era o pior aluno”, diz.
