Um espetáculo da Lavrar o Mar que fala da perda de identidade de uma região
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Como um território se alterou com a chegada do turismo? É a partir desta pergunta que se desenvolve "RUMOR-À escuta da cidade. Um espetáculo sobre a mudança e os seus sinais no tempo". Uma criação de Madalena Victorino da Associação Lavrar o Mar, que junta dança, música e palavra.
A autora sublinha que tudo partiu de um trabalho de investigação do antropólogo Pedro Prista sobre a perda de identidade dos lugares, a partir do fenómeno do turismo. Uma atividade que, de acordo com Madalena Victorino, veio matar e, simultaneamente, salvar a região do Algarve.
“O espetáculo passa pela euforia dos cruzeiros e da construção em massa e em velocidade, pela loucura que o próprio turismo carrega, pela arte popular que está em extinção, pela água e pelas marés, pelo alagamento das coisas, pelo desaparecimento da memória e também pela reflexão que devemos fazer acerca do que é que a gentrificação e o turismo trouxeram às terras dos muitos países que o planeta tem”, afirma a Lavrar o Mar.
O público é convidado a dirigir-se até ao cais Gil Eanes, em Portimão, um lugar onde anteriormente atracavam os barcos de pesca e se descarregava a sardinha. É aí que começa o espetáculo. A assistência é depois conduzida pelos artistas até um local onde se realizavam as festas da cidade, a Sociedade Recreativa Vencedora Portimonense.
Além dos artistas que compõem o elenco, a iniciativa vai contar com a participação de 8 pessoas da comunidade de Portimão, bem como do rancho folclórico da Figueira.
O espetáculo integra a programação artística criada pela Lavrar o Mar – Cooperativa Cultural para a celebração do Centenário de Elevação de Portimão a Cidade (1924-2024). A estreia é esta sexta-feira e repete no sábado e domingo. Nos dias 13 e 14 de dezembro, poderá ser visto na Casa do Povo de Alferce, no concelho de Monchique.