A Galeria Ratton, em Lisboa, acolhe obras do artista Jorge Martins e apimenta a exposição com poemas da escritora e poeta Rita Taborda Duarte.
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Os labirintos, os corpos celestes e terrestres sob a forma de painéis de azulejos estão expostos na Galeria Ratton. O autor das obras é o artista Jorge Martins, premiado várias vezes pelos seus trabalhos, e conhecido pela maneira como incorpora os elementos nas suas obras: sem hierarquia e onde "o tempo parece suspenso".
Jorge Martins confessa que muitas das obras não tinham título, foram feitas há trinta anos e algumas delas nunca foram expostas. Orbes foi o nome que decidiu dar à exposição onde predominam os movimentos circulares. "Lembrei-me de lhes chamar Orbes, um orbe é um corpo em orbita à volta de outro corpo celeste, é uma coisa que sugere este movimento circular", acrescenta.
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A particularidade desta exposição está no desafio lançado à escritora e poeta Rita Taborda Duarte para descrever em palavras os painéis de Jorge Martins.
Desse desafio surgiram quatro poemas, e o autor afirma estar satisfeito com o resultado: "Em vez de ser um texto crítico, analítico, estético, são poemas. Achei ótimo! Sai do hábito dos textos que só pretendem ser incompreensíveis e complexos. São muito bonitos."
A relação entre Rita Taborda Duarte e Jorge Martins começou quando a escritora percebeu que admirava as obras e a forma de pensar do autor, em particular as ilustrações feitas pelo artista no livro de poesia de Luiza Neto Jorge, "Cliclópico Acto".
Rita Taborda Duarte não hesitou em aceitar o desafio, e descreve que quando olhou para a exposição Orbes sentiu "toda a noção de intriga, de labirinto que está ali presente. Como se fosse, no fundo, um corpo a gravitar... um corpo celeste, mas também terrestre".
"Estes painéis têm algo de intrigante, parece que há algo para lá do que é visível", acrescenta Rita Tarborda Duarte.
A escritora conta que o painel intitulado de "labirinto" a cativou, e que se inspirou na história de Teseu e Ariadne para escrever os seus poemas.
Na mitologia grega, Teseu voluntariou-se para matar o minotauro que vivia num labirinto impossível de sair. Amor à primeira vista, Ariadne, encontrou Teseu prometeu ajudá-lo se este lhe prometesse amor eterno. Feitas as juras de amor, Ariadne entregou uma espada e um fio de lã a Teseu, pois esse fio era a única maneira de encontrar o caminho de volta e sair do labirinto.
Nos poemas, a escritora conta que acabou por reformular o mito dando-lhe uma perspetiva diferente: "[a ideia de que] quem se liberta do labirinto, tem de entrar noutra prisão. O sair, o libertar, o estar fora é, muitas vezes, para encontrar uma outra prisão."
A exposição Orbes de Jorge Martins e Rita Taborda Duarte inaugura hoje pelas 18h30 na Galeria Ratton.