
Guillaume Horcajuelo/AFP
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Palmarés com justiça e previsível. A justiça passa por dar prémios de topo a filmes como “O Agente Secreto”, de Kleber Mendonça Filho e a “Sentimental Value”, de Joachim Trier. Previsível porque a Palma de Ouro tinha de ter um valor simbólico, Jafar Panahi e o seu "Um Simples Acidente", obra que nos mostra como é possível resistir neste regime do Irão. Panahi que antes estava preso e não podia viajar.
Jeremy Strong, na conferência do júri, citou que dentro do filme vencedor há um poema dentro do poema. “Un Simple Accident” é arte para combater o fascismo de hoje.
De fora do palmarés ficou surpreendentemente “Two Prossecutors”, de Sergei Loznitsa, obra maior do cineasta ucraniano, e também todo o cinema anglo-saxónico.
Em Cannes viveram-se dias de muita humanidade e com uma janela para as convulsões do mundo que aliaram esperança e poesia. E Cannes será sempre o festival de uma emigrante cabo-verdiana em Portugal, a maravilhosa Cleo Diára, vencedora do prémio de interpretação na secção Un Certain Regard.
