Festival Todos, uma "caminhada de culturas" e um alerta para o "diálogo intercultural"
O festival Todos decorre este fim de semana no bairro de Arroios, em Lisboa. A TSF falou com Miguel Abreu, diretor-geral da Academia de Produtores Culturais, que diz que a iniciativa pretende cruzar as diferentes culturas presentes na capital
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O festival Todos arranca na quinta-feira e prolonga-se até este domingo. A iniciativa pretende implementar em Lisboa a mistura de estilos, culturas e nacionalidades, sempre com a missão de "erradicar o racismo" e promover o diálogo entre os portugueses e os restantes cidadãos estrangeiros. O Todos conta com atividades ligadas à música, gastronomia, cinema e muito mais.
Miguel Abreu, da Academia de Produtores Culturais, explica à TSF o conceito do evento e o tipo de atividades que abrange: "É um festival que procura promover o diálogo intercultural na cidade de Lisboa. Começou em 2009 por iniciativa da Câmara Municipal de Lisboa e da nossa associação (Academia de Produtores Culturais), e a nossa missão é sensibilizar os lisboetas para a importância do diálogo intercultural. Para isso, recorremos às artes do espetáculo, à fotografia, ao cinema, à gastronomia, workshops, oficinas e todos os momentos possíveis para que as pessoas de diferentes partes do mundo se possam cruzar conforme os seus formatos de disponibilidade, nos seus tempos de trabalho e de lazer."
A cada três anos a localização do festival muda. O bairro de Arroios, que já acolheu o festival nos seus primeiros anos, volta a receber a festa. Desta vez, a zona norte do bairro lisboeta foi o local escolhido para esta "caminhada de culturas".
"O nosso trabalho implica também muita proximidade com as populações locais, também muito reconhecimento do património local, hospitais, escolas, teatros, tudo o que há da vida social e cultural do bairro que possa ser incluído na nossa programação, possa ser espaço de acolhimento. Este ano vamos começar por um período de três anos em Arroios, que já foi um bairro que visitámos nos primeiros 3 anos do Todos, depois revisitámos em 2016, no Campo Santana, e agora estamos numa zona de Arroios, mais a norte, que é uma zona mais burguesa, onde a presença dos imigrantes não é tão forte, e onde sentimos bastante racismo e preconceito junto da população lisboeta que não gosta muitas de se misturar com pessoas de outras etnias. A nossa missão é, não forçando, sensibilizar para que as pessoas conheçam, aquilo que muitas vezes não conhecendo repelem injustamente", explica Miguel Abreu.
O diretor-geral da Academia de Produtores Culturais aponta o papel do cinema no mote da programação do festival Todos, intitulado "Entre Iguais". Miguel Abreu deixa também o convite para visitar as atividades ao ar livre, já que os eventos de sala estão todos esgotados.
