Guimarães Clássico leva música erudita ao espaço público com 30 jovens artistas em formação
Festival e Academia Internacional de Música Guimarães Clássico conta com nomes como o do violinista Vasko Vassilev e o compositor Karl Fiorini
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Casa praticamente cheia, esta quarta-feira, no pequeno auditório do Centro Cultural Vila Flor para embarcar numa viagem “De Viena a Hamburgo: quintetos de Mozart e Brahms”, a proposta do terceiro dia do Festival e Academia Internacional de Música Guimarães Clássico.
Foi perante uma plateia verdadeiramente europeia e de todas as faixas etárias que alguns dos 30 talentos emergentes em residência artística, por estes dias na cidade berço, acompanhados por profissionais de renome a nível internacional como Emilia Goch Salvador, George-Emmanuel Lazaridis, Vítor Matos e Andriy Viytovych, apresentaram o resultado de três dias de formação.
Esta foi a primeira vez, que o festival dedicado aos instrumentos de cordas recebe outras famílias como o clarinete (sopro) e o piano (teclas). Um percurso que arrancou em 'allegro', passando por 'larghett' e 'menuett', na era Mozart, sendo que com a transição para Brahms o ritmo passa a 'allegro non troppo' e 'scherzo allegro'.
O Guimarães Clássico é uma organização conjunta entre o Quarteto de Cordas e o Município de Guimarães, que apresenta como elemento diferenciador a sua vertente pedagógica de jovens talentos que chegam de Espanha, Reino Unido, Polónia, Países Baixos e dos Estados Unidos da América, sendo que ao longo das últimas edições já viajaram até à cidade berço artistas da Indonésia para receber formação de nomes como Vasko Vassilev, diretor artístico da Orquestra Baltic Neopolis na Polónia.
Mira Marton, tem 24 anos, e foi uma das violinistas que brilhou na última noite. Neste momento, a tirar o mestrado em Londres, ficou a saber desta oportunidade através de uma amiga.
“Este não é o primeiro curso em que participo, mas é a primeira vez que a formação combina solos, música de câmara e orquestra. É um trabalho muito intenso. O meu dia começa pelas 9h00 com pequenos aquecimentos, às 10h participo nas aulas que se forem de orquestra sã de três horas. Depois alguns de nós ainda têm lições de música de câmara. Estou muito entusiasmada. Especialmente por poder tocar com eles (professores). É uma experiência que para mim não tem valor”, confessa.
Este ano, a organização apostou num Simpósio de Composição, em que cinco selecionados têm a oportunidade de colaborar com o Quarteto Quiron e o compositor Karl Fiorini. O objetivo passa por aprimorar o diálogo entre intérpretes e compositores fomentando a produção de música.
Emanuel Salvador, descrito pela revista The Strad como “um dos melhores violinistas portugueses da sua geração”, adianta que receberam candidaturas da Austrália e da Correia do Sul, o que demonstra o crescimento da iniciativa.
Esta quinta-feira, a música erudita sai do seu habitat natural, as igrejas e salas de espetáculos para invadir o espaço público mais concretamente os antigos Paços do Concelho pelas 16h00, com uma programação “surpresa”.
Sem cadeiras no espaço, a ideia é que as pessoas circulem e possam “entrar e sair quando quiserem”. Segue-se uma aula de ginástica ao som das mais belas melodias da música clássica pensada “dos oito aos 80 anos”. A entrada é gratuita.
"Viva Vivaldi" é a aposta para sexta-feira, na Igreja da Misericórdia. Uma noite dedicada ao barroco, dando oportunidade para ouvir vários solistas.
O encerramento terá lugar na Igreja de São Francisco com a “Serenata Noturna”. Um concerto que pretende trazer a Guimarães a "grande música escrita para Orquestra de câmara de cordas", com a homenagem ao centenário do nascimento de Joly Braga Santos, num concerto em Ré, e fecha com a Serenata de Tchaikovsky.
O Guimarães Clássico tem o apoio da Direção-Geral das Artes (DGArtes) em 15 mil euros.
