Na Cinemateca, onde defendeu que o cinema português pode ultrapassar as fronteiras nacionais, Marcelo Rebelo de Sousa mostrou-se satisfeito por participar nas comemorações dos 70 anos do organismo cultural.
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São momentos que não acontecem muitas vezes, mas que, quando acontecem, deixam um chefe de Estado, no mínimo, bem-humorado. Por entre as habituais perguntas sobre o Orçamento do Estado para 2019 ou anúncio do reembolso ao Fundo Monetário Internacional, Marcelo Rebelo de Sousa pôde, durante os últimos dias, ser figura assídua nas comemorações dos 70 anos da Cinemateca Portuguesa. E, em ambiente de fim de festa, não escondeu a satisfação.
"Que bom ter tido a oportunidade de, em três dias consecutivos, ter tido a oportunidade de contactar com o cinema. Há momentos de felicidade na vida de um presidente da República. Não são todos, não são muitos, mas há alguns", disse o presidente da República, esta terça-feira", em Lisboa, no colóquio "Cinemateca: Passado, Presente, Futuro".
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Mas, discursando perante cinéfilos, atores, realizadores e a ministra da Cultura, Graça Fonseca, Marcelo Rebelo de Sousa não quis falar apenas do seu estado de espírito. Falou, sobretudo, do futuro. Do futuro do país, da Cinemateca Portuguesa e do cinema nacional, a quem pede que tenha uma ambição "universalista".
"Há, de facto, para um país como o nosso, uma realidade mais vasta em que se pode projetar, tirando proveito da excelência dos portugueses, mas também das vantagens comparativas do país. Porque não fazê-lo também no cinema", questionou o presidente da República, que lembrou o trajeto feito lá fora por portugueses como o secretário-geral da ONU, António Guterres, ou o diretor-geral da Organização Internacional para as Migrações, António Vitorino.
Na Cinemateca Portuguesa, Marcelo Rebelo de Sousa não esqueceu as difíceis condições "logísticas e orçamentais" da estrutura e a importância de uma história construída ao longo de 70 anos, mas defendeu que o tempo deve ser de projetar o futuro. E nem as novas tecnologias e o advento do digital devem, segundo o chefe de Estado, ser motivo de qualquer receio, até porque, entende, também os avanços tecnológicos podem ser considerados como uma oportunidade.
"É uma oportunidade única [para a Cinemateca] nesta mudança tecnológica, porque pode preencher um espaço que muito poucos no mundo preenchem: de ponte entre um passado muito rico, o presente e o futuro", disse.
E, continuando a atirar para o futuro, lançou ainda um desafio a quem lidera os destinos da estrutura: "Para os próximos anos, e que não demore 70 anos, o que podemos desejar é que tenha condições e vontade de ser também um museu do cinema".