Ir ao cineteatro "só com 18 anos" e os assobios nas cenas "um bocadinho românticas". Alba faz 75 anos
A TSF foi até Albergaria buscar memórias do público mais antigo e conhecer a visão mais recente dos visitantes do Cineteatro Alba
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O Cineteatro Alba, em Albergaria-a-Velha, comemora esta terça-feira 75 anos de vida. Inaugurada em 1950, foi considerada na época uma “das melhores, mais modernas e mais luxuosas casas de espetáculos do país”.
O Cineteatro Alba foi palco de muitos artistas que, a caminho do Porto, por ali paravam. Celebra agora 75 anos, mas há quem o lembre de outros tempos. Maria Olinda diz à TSF que corria à bilheteira sempre que podia.
“Comecei a vir ao teatro por volta dos anos 1970, já depois dos meus 18 anos, nada antes, não se podia. E tenho boas memórias, sim. A bilheteira assim bem grande lá fora, com aquelas janelinhas pequeninas, os filmes, os meus preferidos eram os de cowboys. Depois os românticos, lembro-me dos assobios quando havia assim uma cena um bocadinho romântica, era uns assobios na sala toda”, recorda.
Maria Olinda vinha ao cineteatro apenas quando lhe era permitido. Aos dias de hoje é uma espectadora assídua: “Recentemente tem-se apresentado aqui espetáculos maravilhosos. Recordo o 'Despertar talentos', o musical, foi qualquer coisa, vim assistir cinco vezes, cinco vezes! Sempre que posso venho porque realmente é lindo e a acústica do nosso cineteatro é espetacular, é uma maravilha.”
Quem também gosta de ir regularmente a esta sala de espetáculos é Cindy Gomes. Regressou a Albergaria depois da faculdade e não deixou de visitar o espaço.
“Eu lembro-me, mais jovem, que não havia assim muitas atividades e desde que voltou a ter atividades eu noto que não só a minha geração que usufrui muito das atividades, porque temos aqui um leque muito variado, mas, por exemplo, no fim de semana passado vim cá ver um espetáculo e tínhamos muita gente assim mais idosa, o que é ótimo ver as pessoas a um sábado à noite a deslocar-se ao cineteatro para ver um espetáculo de novo circo, por exemplo”, afirma.
O Cineteatro Alba é muito visitado especialmente nos dias em que exibe filmes. Para Cindy Gomes, o espaço é mais acolhedor do que uma sala de cinema comum: “O ponto fulcral é, por exemplo, o preço, é muito mais barato virmos aqui ao Cineteatro Alba ou a outro, e também a programação porque às vezes conseguimos aqui filmes alternativos. Vamos ter aqui um ciclo este ano que a mim me diz muito, com várias nacionalidades e várias realidades apresentadas que se calhar se formos a um cinema comum não temos acesso a este tipo de filmes.”
Já Pedro Teixeira, o diretor do Alba, destaca o local com uma grande importância para as suas gentes.
“A marca Alba tem um grande significado para Albergaria e este teatro acarreta muitas memórias nesse âmbito, por isso não é só o facto de as pessoas poderem vir assistir a coisas que antes só indo às capitais de distrito ou a grandes centros urbanos, agora poderem-no fazer aqui, ainda por cima com esta ligação afetiva, acho que é muito bom.”
Agora, 75 anos depois, o Cineteatro Alba vai voltar a exibir um dos filmes que o inaugurou: chama-se “Inconquistáveis” e convida todos a vir assisti-lo. O mês de fevereiro é dedicado à celebração do aniversário. Por lá vão passar nomes como Ana Moura, na música, e Ana Guiomar, Eduardo Madeira, Carlos Cunha e Sílvia Rizzo, no teatro.
