Foi Ministra da Cultura e dedicou a vida académica a estudar a vida e a obra de Eça de Queiroz. Isabel Pires de Lima, a nova presidente da Fundação Serralves, está otimista quanto à vontade dos jovens de terem tempo para ler livros.
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Numa conversa com a TSF, duas horas antes da cerimónia do Panteão Nacional, de homenagem a Eça de Queiroz, a professora de literatura e antiga ministra da Cultura, considerou a atribuição de honras de Panteão Nacional como uma cerimónia simultaneamenta tardia, mas ainda a tempo. Para quem dedicou a maior parte da carreira de professora de literatura e investigadora, a estudar Eça de Queiroz, a homenagem é justa, e "teria sido desejável que acontecesse durante o século XX".
A agora presidente da Fundação Serralves, recorda nesta conversa, o tempo passado por Eça de Queiroz, em Paris, com uma estranha reclusão familiar, em vez de conviver com os grandes movimentos artísticos que estavam efervescentes, na cidade-luz. Desafiada a escolher se preferia sentar-se à mesa com uma personagem criada por Eça, ou com o próprio escritor, Isabel Pires de Lima escolheria um encontro com Eça, para esclarecer dúvidas que o comportamento do escritor lhe suscitou, ao longo da vida.
A professora e investigadora está otimista em relação à disponibilidade dos mais jovens para leituras e livros. Questionada sobre o papel de um escritor como Eça de Queiroz, no século XXI, com a exposição à internet, televisão e rádio, Isabel Pires de Lima sente que os jovens têm vontade de "valorizar o tempo livre", para as artes, e para viver a vida com menos aceleração. Mas reconhece que tem havido "um descaso do sistema de ensino, para as ciências sociais e as humanidades"