O ex-diretor do Museu Serralves demitiu-se na sequência do caso da exposição do fotógrafo Mapplethorpe.
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O diretor artístico demissionário do Museu de Serralves, João Ribas, reafirmou hoje na comissão parlamentar de Cultura que a exposição de Mapplethorpe que montou foi alvo de censura e afirmou que a palavra "cancelamento" chegou a ser mencionada.
"É rigorosamente verdade" que na semana da montagem da exposição houve interferência da montagem, contou João Ribas, especificando dia por dia os acontecimentos.
Segundo o responsável, a exposição começou a ser montada no dia 15 e no dia 17 foi "chamado para construir um muro para separar algumas obras".
No dia 18, João Ribas diz que foram "relocalizadas" as obras e no dia 19 chegaram "representantes da fundação norte-americana [Robert Mapplethorpe] e a palavra cancelar foi referida".
"No dia 20, duas obras foram mandadas retirar uma hora antes da conferência de imprensa, a que várias pessoas assistiram e que foram registadas pelas câmaras de videovigilância", acrescentou.
João Ribas classificou estes como "atos de censura" e explicou que se demitiu porque "não podia tolerar censura" numa das mais importantes instituições culturais da Europa.
O diretor artístico respondia a Jorge Campos, do Bloco de Esquerda, que quis saber como é que se justifica que um dia após a abertura da exposição o diretor tenha apresentado a demissão, se tem prova de que essa intromissão se passou, se tem testemunhas ou se as intervenções foram filmadas por câmaras de vigilância.
Ribas afirma ainda que Serralves "não deve caminhar para onde está a seguir", defendendo que o problema "não é o conteúdo da exposição" que está no centro da polémica.