O semanário O Ribatejo, editado em Santarém desde 1985, sai pela última vez, esta sexta-feira, em formato impresso. Mas continua online, enquanto se espera por uma revista mensal.
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No editorial do último número, o diretor do jornal, Joaquim Duarte, escreve que a equipa d'O Ribatejo pretende "continuar, noutro registo, pois sabe que os tempos que correm são de futuro incerto para o jornalismo (tal como o conhecemos e o temos praticado até aqui). O que aconteceu foi que o negócio foi transferido para a voragem das redes sociais, onde tudo é oferecido graciosamente".
Joaquim Duarte alerta que o jornalismo, "central à qualidade da democracia e ao exercício da cidadania -- mesmo que os cidadãos já mal se deem conta disso - vem sendo secundarizado dentro deste grande negócio que são as plataformas das redes sociais", dominadas pelas multinacionais da comunicação global, "que conseguem controlar hoje quem publica o quê e para quem, e que publicação pode ou não gerar dinheiro, em praticamente qualquer lugar do mundo e em qualquer língua".
"O jornal em papel, além de sofrer uma rápida erosão do negócio, tem uma outra limitação: as notícias que publica envelhecem ainda antes de chegarem ao leitor. O papel não pode mais competir com a instantaneidade desta era digital", escreve.
O projeto de criação de uma revista, que deixa o "imediato" para o 'online' e tratará "em maior profundidade das relevâncias regionais", é, para o diretor de O Ribatejo, sinal de que continua a acreditar que "há alternativas a esta erosão de valores conceptuais e culturais do jornalismo".
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A edição 1.688 de O Ribatejo, que, ao contrário do habitual, não estará nas bancas à quinta-feira, chegará pela última vez aos leitores esta sexta-feira, com um cartoon de António Maia a encher a primeira página e deixando impressa uma "breve viagem à memória" das principais etapas dos quase 33 anos de jornal.
Ao longo de mais de três décadas, o diretor do jornal destaca a primeira revista, editada em 1990, com crónicas de "dois consagrados escritores ribatejanos", José Saramago e Álvaro Guerra, bem como a rádio criada em novembro de 1986, em colaboração com a TSF - e que teve o jornalista Fernando Alves como primeiro diretor.
"Em setembro próximo voltaremos a dar notícias", prometeu Joaquim Duarte.