Julinho KSD à TSF: "Não podemos deixar de cantar em crioulo. A História não é só no livro da escola, tem de ser ouvida pelo povo"
Em entrevista à TSF, o cantor explica como o verão o inspirou a criar o novo single "Beira Mar". Assinala ainda que "Cabo Verde faz parte da cultura portuguesa" e como "faz falta" ouvir mais música lusófona
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Está feito o concerto n'O Sol da Caparica. É a altura perfeita para alinhar os chakras?
É a altura perfeita. Estamos em pleno verão e eu acho que é assim [com concertos] que todos querem finalizar um bom verão.
Trouxeste o Ivandro...
Ivandro, Yuran, Harley, Bluay, Trista... trouxe-os a todos. São todos aqui de Lisboa e eu acho que é bom eles estarem sempre a aparecer, porque, no próximo ano, também tenho de ser um dos convidados especiais [deles].
Hoje lançaste um novo single, Beira Mar, que fala de beber whisky e água de coco precisamente à beira-mar, mas também sobre estar apaixonado. Como é que foi o processo de criação desta música?
Foi tranquilo. Quando começa o verão, tu vais começar a pensar num beat bué de verão e as cenas vão acontecendo. Olhas para o estúdio, tens uma garrafa de whisky, tens coco, começa um tema de conversa e um tema de música. Foi a partir daí.
Numa entrevista ao Público, em 2021, falaste na lesão que te afastou de uma carreira no futebol. Olhando para o teu percurso na música, ainda há nostalgia por não ser um futebolista?
No futebol fazia mais dinheiro, mas na música eu faço o que eu quero.
O que é que torna a tua música e a música lusófona, no geral, tão especial, que traz tanta gente ao Sol da Caparica?
É uma mistura de cultura e eu trago a minha cultura, especificamente o mundo de Cabo Verde, para os portugueses e os portugueses adoram.
Tendo em conta o contexto mediático que se vive em Portugal, com o crescimento do discurso de ódio, achas que é cada vez mais importante não deixar de cantar em crioulo?
É, não podemos deixar de cantar. Cabo Verde faz parte da cultura portuguesa também, então é uma cena que nós nunca podemos esquecer. E temos de elevar muito mais, porque a História não é só no livro da escola, tem de ser ouvida também pelo povo: na rádio, no YouTube, digitalizar a música. É isso que falta.
