A música continua a marcar o ritmo dos filmes de Damien Chazelle. Desta vez, o realizador presta homenagem à era de ouro dos musicais de Hollywood, mas mantém um tom realista na terra dos sonhos.
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A cena inicial de "La La Land: Melodia de Amor" pode assustar os que recusam a ideia de ver ou gostar de um musical. É certo que o trailer não engana ninguém, mas há sempre quem não os veja ou quem queira perceber o entusiasmo das nomeações e dos prémios atribuídos nos últimos tempos.
Ao terceiro filme, Damien Chazelle aposta na homenagem a um género que já teve por diversas vezes uma espécie de morte anunciada, apenas para surgir de novo sem esquecer fórmulas antes utilizadas.
O realizador é original ao apresentar os seus dois sonhadores, mas respeita a génese do musical. São também várias as referências cinéfilas, num filme marcado pela nostalgia e memória.
De uma pirueta à volta de um candeeiro, embora sem chuva à vista, à dança em cima de automóveis na sequência inicial, passado pelo Observatório Griffith de Los Angeles, pela estrutura e diálogos cantarolados que evocam Jacques Demy, e pelos cenários que remetem para a Broadway. Um certo artificialismo que lembra também o filme "maldito" de Francis Ford Coppola, "Do Fundo do Coração".
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O filme conta a história de Mia (Emma Stone), uma aspirante a atriz em Hollywood que serve cafés enquanto frequenta audições, e de Sebastian (Ryan Gosling), um pianista que sonha ter o seu próprio clube de Jazz.
Aliás, a personagem de Sebastian funciona como um paralelo do próprio filme. Ele é um nostálgico, um fervoroso defensor da época de ouro do Jazz, que tenta perpetuar este género musical... um pouco como Damien Chazelle, que escreveu o argumento, quer recuperar o cinema musical.
A estreia na realização com "Guy and Madeline on a Park Bnech", que nunca estreou em Portugal, era um musical com orçamento reduzido, justamente com o Jazz como banda sonora. Seguiu-se "Whiplash", vencedor de três Óscares em 2015, sobre um baterista de Jazz.
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Depois dos sete Globos de Ouro que arrecadou, das 11 nomeações para os Bafta, "La La Land" é também um dos favoritos na corrida dos Óscares, com 14 nomeações no total.
Até hoje, dez musicais venceram a ambicionada estatueta dourada para Melhor Filme: "The Broadway Melody (1929), "O Grande Ziegfield" (1936), "O Bom Pastor" (1944), "Um Americano em Paris" (1951), "Gigi" (1958), "West Side Story" (1961), "My Fair Lady" (1964), "Música no Coração" (1965), "Oliver!" (1968) e "Chicago" (2002).