"Liberdade: probiótico antifascista." Bordallo II coloca caixa de medicamentos a tapar campa de Salazar
Nas redes sociais, o artista português escreve que estes comprimidos são "uma dose diária de democracia, grátis e que combatem a opressão".
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O artista português Bordallo II colocou uma grande caixa de medicamentos em cima da campa de António de Oliveira Salazar, no cemitério do Vimieiro, em Santa Comba Dão, Viseu.
“Não nos podemos distrair e tomar a liberdade como um bem adquirido. Pelo contrário, temos que defendê-la e exercitá-la todos os dias. O 25 de Abril serve também para nos lembrarmos disto”, escreveu.
Bordallo II identifica os comprimidos como "um probiótico antifascista". Cada caixa do remédio "Liberdade" tem 50 comprimidos, um por cada ano de democracia. "Uma dose diária de democracia, é grátis e combate a opressão", lê-se na embalagem.
"A liberdade é fundamental para cada um de nós e para o bom-estar de todos (...) Defender a liberdade é respeitar as diferenças, exigir direitos fundamentais universais e permitir a expressão do pensamento livre e da criatividade", acrescenta o artista. "E já agora, se não cuidamos da nossa democracia, é enterrada que ela acaba", finaliza.
Esta é a mais recente obra de Bordallo II e surge a propósito dos 50 anos do 25 de Abril. Artur Bordalo, mais conhecido pelo nome artístico Bordalo II, é conhecido pelas instalações artísticas marcadas pela crítica social.
A intervenção política e social tem marcado os seus trabalhos, abordando temas que vão de questões ambientais aos abusos sexuais na igreja.
Em agosto do ano passado, durante a Jornada Mundial da Juventude, estendeu uma "passadeira da vergonha" composta por representações de notas de 500 euros, no palco-altar no Parque Tejo, em Lisboa, numa crítica aos "milhões do dinheiro público" investidos. A instalação tomou o nome de "Walk of Shame".
Recentemente, o artista pintou a bandeira da Palestina numa escadaria de uma estação de comboios de Lisboa, num trabalho batizado de "Guilty steps".
Em dezembro, apresentou em Macau um panda de 6,5 metros, feito de resíduos, na antiga fábrica de panchões do território, onde voltou a chamar a atenção para a contínua produção de lixo e destruição do planeta.
Em março do ano passado, expôs em São Paulo, cerca de 40 obras inéditas, na exposição "Bicho Homem", a primeira que faz em solo brasileiro.
Em Portugal, é possível ver-se animais criados por Bordalo II em cidades como Lisboa, Estarreja, Loures, Vila Nova de Gaia, Faro, Coimbra, Águeda e Covilhã.