"São Jorge" estreia esta quinta-feira, e o realizador diz que é um retrato das pessoas mais afetadas pela crise. Nos festivais, surpreendeu muita gente, que perguntou "isto aconteceu mesmo?".
Corpo do artigo
O realizador de "Alice" está de regresso, com um filme que acompanha Jorge (Nuno Lopes), um pugilista com dificuldades financeiras que tem de tornar-se cobrador de dívidas, para resolver os problemas económicos e familiares.
Marco Martins contou, na Manhã TSF, que foi intencional, filmar "São Jorge" nos bairros da Bela Vista, em Setúbal, e da Jamaica, no Seixal, para contar com as vozes e as caras dos habitantes de duas zonas particularmente deprimidas.
O realizador sublinha que numa altura em que o mundo conhece uma visão de sucesso da Lisboa turística, a menos de 15 minutos, está este outro país, onde a crise foi violenta.
Marco Martins admite que este filme seja um bom retrato histórico do país que viveu com a Troika, e está satisfeito com a forma como tem sido acolhido nos diversos festivais internacionais de cinema.
No caso da China, que vai estrear "São Jorge", terá sido relevante o bom acolhimento no festival de cinema de Macau.
Numa altura de novas polémicas sobre o financiamento do cinema português, Marco Martins não reconhece a existência de uma industria de cinema, mas sim de um "artesanato".