O livro "Compêndio para desenterrar nuvens" é constituída por vinte e duas histórias que abordam o calvário de pessoas, com especial atenção às vozes femininas, às "suas vidas fragmentadas" pela guerra, fome, secas e "tóxicas relações de poder", considera a Associação Portuguesa de Escritores
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O escritor moçambicano Mia Couto foi distinguido por unanimidade com o Grande Prémio de Conto Branquinho da Fonseca da Associação Portuguesa de Escritores (APE) pelo livro "Compêndio para desenterrar nuvens", anunciou esta terça-feira a organização.
A obra, editada pela Caminho, é constituída por vinte e duas histórias que abordam o calvário de pessoas, com especial atenção às vozes femininas, às "suas vidas fragmentadas" pela guerra, fome, secas e "tóxicas relações de poder", segundo comunicado da APE.
Mia Couto admite à TSF que "não esperava" vencer o Grande Prémio de Conto Branquinho da Fonseca.
O escritor moçambicano quis dar voz a quem não a tem e fica "muito feliz" que o júri tenha visto a "intenção de devolver dignidade à gente que vive num mundo invisível".
O júri, constituído por Fernando Batista, Mário Avelar e Paula Mendes Coelho, destacou, sobre a obra, como Mia Couto, "misturando sabiamente o código realista e o código imaginário sem nunca esquecer o registo lírico, continua a denunciar as injustiças de onde quer que elas venham, sem deixar de nos alertar, ainda que em tom geralmente irónico, para novas submissões, novas ameaças bem perniciosas".
O Grande Prémio de Conto Branquinho da Fonseca, instituído em 2023 pela Associação Portuguesa de Escritores, e patrocinado pela Câmara Municipal de Cascais e Fundação D. Luís I, destina-se a galardoar anualmente uma obra de contos em português.
