A ministra foi a Vila Real reunir com a direção da companhia de teatro Filandorra, que, no dia 16 de janeiro, se manifestou contra nova exclusão do programa de apoio da Direção-Geral das Artes, apesar de considerar ser elegível para o receber
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A ministra da Cultura, Dalila Rodrigues, anunciou, esta quarta-feira, em Vila Real, que está a tentar encontrar soluções para “erradicar desertos culturais” em Portugal e para que estruturas culturais relevantes não fiquem de fora dos apoios.
A ministra foi a Vila Real reunir com a direção da companhia de teatro Filandorra, que, no dia 16 de janeiro, se manifestou contra nova exclusão do programa de apoio da Direção-Geral das Artes (DGArtes), apesar de considerar ser elegível para o receber.
Dalila Rodrigues disse estar consciente de que há, em Portugal, companhias de teatro que ficaram para trás no concurso ao Programa de Apoio Sustentado às Artes, mas sublinhou que não quer, em circunstância alguma, “interferir num procedimento concursal que ainda está a decorrer”.
Depois da reunião com o diretor da Filandorra - Teatro do Nordeste, David Carvalho, a ministra sublinhou que foi a Vila Real para “em conjunto, através da auscultação e do diálogo”, conseguir “encontrar novos procedimentos”, por forma a que as estruturas que estão a ser apoiadas pelo Ministério da Cultura tenham “erradicadas as dúvidas e as inseguranças”, em relação à “iminência do não apoio”. É que, como frisou, “a iminência do não apoio de uma estrutura profissional, como sucede à Filandorra, é tudo o que o Ministério da Cultura deve temer”.
Dalila Rodrigues frisou que não foi a Vila Real “para evitar a contestação” de que a Filandorra não prescinde sempre que se sente prejudicada. “É evidente que se há uma companhia ou uma qualquer estrutura que manifesta o seu descontentamento é porque há necessidade de diálogo e da presença do membro responsável pela ação governativa”, assumiu. O objetivo da visita foi “estudar soluções futuras” para que o Ministério da Cultura “consiga chegar a todos os territórios, agir no país e construir a partir do diálogo”.
O diretor artístico da Filandorra, David Carvalho, disse ter ficado com alguma esperança de que “esta ministra da Cultura resolva o problema o mais rapidamente possível”. Se não houver, haverá novas manifestações. “Nós não vamos arredar pé”, avisou,
reafirmando que, no processo de atribuição dos apoios do Programa de Apoio Sustentado às Artes, “há irregularidades que podem pôr o concurso em causa”. David Carvalho insistiu nos “problemas muito graves de falsidades na avaliação” e que possui documentos que ainda não pode mostrar.
No dia 16 de janeiro, os atores da Filandorra fizeram um protesto artístico, em Vila Real, “para que o Estado seja sério e rigoroso”, segundo David Carvalho, divulgando que, no caso dos resultados provisórios do Programa de Apoio Sustentado às Artes, verifica-se que “não há rigor nem seriedade”.
O responsável explicou que “a Filandorra é, talvez, a estrutura que mais assenta no concurso ao apoio sustentado”. Justificou com “24 municípios, universidades e fundações” com as quais tem contratos e que “é a companhia que mais emprega na região [de Trás-os-Montes e Alto Douro]”, com cerca de duas dezenas de profissionais.
David Carvalho queixou-se de, apesar de “cumprir todos os requisitos”, ter recebido “notas falseadas” que puseram a companhia na “linha de água”. Deu um exemplo: “Um dos critérios é o número de autarquias. Temos 24. Há um projeto que tem três e teve melhor nota que nós. Acham isto normal?”.
O grupo sediado na cidade vila-realense não corre risco de encerrar, já que conta com o apoio de 24 autarquias do Interior Norte e outras entidades, mas se continuar sem o financiamento do Programa de Apoio Sustentado às Artes a atividade fica limitada.
